Eu não sou um expert em música. E sei que ela muito menos. Mas aquilo que ela disse, sobre aquela música, era a mais pura verdade. E nenhum crítico musical, ou qualquer coisa que o valha, conseguiria descrever melhor aquela música. "Tão bonita que até dói".
E talvez seja por isso que toda vez que eu a ouço, eu sinto uma dor no peito, como uma fisgada, aquela dor forte e rápida, que nos pega de surpresa, e vem numa intensidade que parece que vai nos matar de dor. Mas logo ela vai embora, e é ainda pior, porque é como se ela fizesse falta.
Não sei se dói tanto assim só pela música, ou se é porque toda vez que eu a ouço, eu lembro dela, daquela menina que resumiu numa frase o que eu não saberia dizer nem se escrevesse um livro sobre a música. Eu lembro dela, e a lembrança também dói, pois é tudo que tenho dela. E é tão forte que parece até que eu não vou sobreviver. Mas eu sempre sobrevivo, e me pergunto se é tão melhor assim ter vivido mais um dia sem ela.
Mesmo que doa tanto assim, eu sempre ouço essa música, pra me lembrar. Já dormi ao som dela, com o modo 'repeat' ativado, para que ela não parasse de tocar... E já acordei com ela, claro que pelo fato de não ter desligado o player, e na verdade ter passado a noite na companhia dela - a música.
E nos meus sonhos, sou eu que digo essa frase. "É tão bonita que até dói". Eu que digo a ela. Mas eu não me refiro a música. Eu falo isso para a menina, e sobre ela. "Você é tão bonita que até dói".
Eu não sou um entendido de mulheres. Mas mesmo assim não há frase que melhor a defina. Essa que eu nunca tive coragem de chamar de mulher, essa que pra mim será sempre uma menina, com seu cabelo desgrenhado e sua falta de maquilagem. Ela era sim tão bonita que até doía. E ninguém conseguiria descrevê-la melhor.
Um comentário:
Nossa! Que sensibilidade. Escolher as palavras corretas é quase uma benção. Um dom!
Parabéns, achei lindo! Do início ao fim...
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