quarta-feira, 10 de outubro de 2012

NO MEIO DOS SEUS DENTES


No meio dos seus dentes tinha uma alface
tinha uma alface no meio dos seus dentes
tinha uma alface
no meio dos seus dentes tinha uma alface.

Nunca me esquecerei dessa visão 
na vida de meus olhos tão cansados.
Nunca me esquecerei que no meio dos seus dentes
tinha uma alface
tinha uma alface no meio dos seus dentes
no meio dos seus dentes tinha uma alface.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Paradoxal

Minha cabeça dá voltas e mais voltas.
Tudo acontece tão rápido, e ao mesmo tempo parece que, em certos momentos, tudo se passa em câmera lenta, pra eu conseguir ver, sentir, viver cada coisa...
É muita informação, é muito controverso, e isso é a vida - oposto da morte. Morte é nada, e dói em quem fica, não em quem vai. Morte é fim, e vida é recomeço infinito, cada instante acaba e começa novamente, até que chega a morte e o ciclo acaba.
É muita tristeza misturada com muita alegria, porque a gente não pode deixar de celebrar a vida, ao mesmo tempo que precisa chorar a morte. E é assim, tudo se coincide, e você nunca para, não pode organizar os acontecimentos como organiza e-mails ou gavetas, "aqui eu guardo os sorrisos", "agora eu vou chorar um pouquinho", tudo ocorre ao mesmo tempo e você não sabe se chora ou ri. É estafante.
Deve ser o meu sapato que aperta mas sustenta meu pé; e quando eu o retiro, eu quase caio e ele dói, mas junto vem o alívio da liberdade. Cada morte me aperta mas sustenta minha  vontade de continuar vivendo, e quando eu respiro e vivo, dói pela lembrança de quem não pode mais, mas a vida, a liberdade, é isso - um sacrifício que eu faço todo dia, a alternativa pra mim não é uma opção.
Enterro meus mortos e choro minhas dores, pra lembrar que viver é a maior benção que se pode ter.