segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Frágil Ligação

Somos frágeis fios soltos
É frágil a nossa ligação
Estamos a mercê do vento
É quase certa a separação

You are so cool, you are so ROCK'N'ROLL!

Acordei com a garganta arranhando horrores. Semana passada eu estava gripada, e como no corpo gripe nunca vem só, essa estava acompanhada duma dor-de-garganta. Gripe resolvida semana passada mesmo, de forma fácil, rápida e indolor. Já a garganta...


A garganta é caso antigo. Desde que eu me conheço por gente, amígdalite vive comigo. Antes, quando era mais nova (já que "menor" não se aplica a mim) tinha de 2 a 3 casos de amígdalite - por ano. "Cresci" (é muito ridículo a palavra 'crescimento' só ser entendida por muitos como 'aumentar em tamanho', mas enfim), e os casos foram rareando - mas nunca sumiram.


Esse post tá a cara do post sobre ansiedade que eu escrevi a um milênio atrás. Exagerei, eu sei. Mas diferente da ansiedade, que a gente vai aprendendo a controlar, a amígdalite não se controla - elimina-se. Ou seja, semana passada eu fiquei tomando antibiótico fortão pra ver se ia embora. E quase foi. Mas eu abusei muito no fds (não tomei remédio + sorvete + gelado + friagem). Ou seja, eu praticamente pedi pra que ela voltasse. E ela voltou. Ainda mais forte - Profª de Biologia do 2º Ano (ou foi a da 7ª série?!) explicou que quando tomamos um remédio pra matar um vírus ou bactéria (ou sei-lá-o-que, sorry Mari), mas não seguimos corretamente a orientação médica, e deixamos de tomar porque achamos que já estamos bons, na verdade a bactéria ou vírus (ou a outra coisa, que seja) se torna resistente, e quando volta, é mais difícil eliminá-lo. Se estiver errado esse pensamento, sei lá, pesquisem no Google.


Chegamos então a essa segunda-feira gloriosa com uma Ana sem voz e com dor. Se eu me arrependo de ter tomado gelado (e sorvete, friagem, etc.) no fds?! Agora muito. Mas na hora eu não liguei muito. Eu sei, não posso reclamar se a culpa é minha. Mas o blog é meu também, então essa regra não vale.


E algo que não tem nada a ver com o post, mas tudo a ver com o título dele, The Subways:









E algo que não tem nada a ver com a música ou com o post, mas tem a ver comigo. Sonhei com uma casa grande, com varanda e terraço, toda branca, e não sei porque eu a chamava de "Casa Americana". E no meu sonho também tinha uma menina chata, mas essa eu não chamava de coisa alguma.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Diário de Bordo






Amy linda!


 


Como publiquei no outro blog, fiquei sem usar a internet 4 dias no último fds (prolongado pq foi birthday de SP capital na terça). E como prometido por lá, é aqui que vou comentar tudo o que aconteceu nesse tempo - ou o que eu me lembrar.




Sexta-feira



Usei a net até às 18h, no trampo. Sai de lá como quem está em trabalho de parto indo pro hospital com muita pressa, pois tinha marcado uma escova pras 20h (aqui é onde eu explico que meu cabelo é enrolado e eu até prefiro ele assim, mas como tinha eventos nesses dias, é melhor algo mais prático). Fui numa cabeleireira desconhecida, a única que se sujeita a esperar pelos clientes. Mas não gostei da escova. Achei, sei lá, mal-feita. Enfim. Voltei pra casa e comecei a correr com as coisas, pois ia sair no sábado bem cedo. Fui dormir.




Sábado



Fora o dia inteiro. E muito burra, como sempre, acabei deixando pra estrear a sandália numa ocasião em que ia ficar o dia inteiro fora. Nem preciso terminar, né?! Cheguei em casa cansada, pé dilacerado (exagerada!), banho, lanchinho, cama.




Domingo



Fora o dia todo - again. A burrice foi a mesma, mas a sandália desse dia foi mais complacente. Cansada, pé inteiro, banho, janta (o que eu jantei mesmo?!), cama.




Segunda-feira



Acordei mais tarde. Acordei mais tarde?! Agora eu não lembro... Enfim. Fui à Lapa com o pai fazer compras pra mãe, fomos à ótica pra ver que ela estava fechada (não foi só eu que emendou o feriado). Acho que foi nesse dia que eu conectei o mp4 pra colocar as músicas de volta nele. Mas não entrei na internet. Irmão e cunhada chegaram em algum momento do dia, não lembro qual foi. Casamento a noite - não o meu... Casamento Show, prometi pra mãe da noiva acordar antes das 7h pra ajudá-la a arrumar o que sobrou. Acordar antes das 7h em pleno feriado?!?!?!




Terça-feira



Acordei antes das 7h. Fomos limpar lá e eu fiquei com dois arranjos de flores - ambos os lados ficaram felizes. Corre pra casa, leva irmão e cunhada pra rodoviária - não, eles não moram tão longe, eles foram viajar mesmo. Almoça (o que mesmo?!). E fiz alguma coisa durante a tarde que agora não me lembro. Assisti a TV a noite, porque queria ver um episódio de Top Chef e minha mãe e eu ficamos com uma frescura de ver-ou-não-ver-um-filme e no final acabamos não vendo filme nenhum.


Bom, foi isso. Depois desse resumo percebi duas coisas. 1°: Não é tão difícil assim viver sem internet. 2°: Preciso passar num neurologista. Urgentemente.


E Amy Winehouse, que nunca é demais - no momento.









Em tempo: Estou ouvindo coisas novas, como uma banda que eu nunca tinha ouvido falar (Tame Impala) e outra banda que eu tenho o primeiro CD e o segundo tá "uma coisa" de tão bom (The Subways). Aguardem novidades...


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

We Are Stars - NOT.

Renan quer me convencer que entende de música, rock'n'roll e vocalistas. E fez no blog dele uma lista com os "melhores" vocalistas. Então tá, né. Depois de altas discussões no blog e fora dele, ele me mandou um vídeo com (quase) todos os vocalistas que ele pôs na lista, numa espécie de Live Aid do Metal Farofa. Lindo. De chorar. Eu não conseguirei descrever o vendaval de emoções que senti assistindo ao vídeo. Desde a parte de 'como mostrar toda minha extensão vocal em uma única frase' até o lindíssimo solo de guitarrazzzzzzzzzróinc. Coro no final, porque não é por ser metal que vai deixar de ser brega, né?!


Vamos então aos melhores momentos do Vídeo:






A partir do 1min45seg: O pai da família Restart! Que lindo! Mas pra mostrar que papai tem mais bom senso que os filhotes, só de branco...


2min30seg: A cara do cara do Twisted Sister nesse exato segundo, IMPAGÁVEL! Resume tudo e mais um pouco...


A partir do 3min14seg: Não é a cara do Marcelo Médici?! Eu achei...


A partir de 3min22seg: E esse é a cara do Paulão da 'Grande Família'.


3min44seg: Yngwie Malmsteen (copiei e colei) - What?! É o nome do vulcão da Islândia?! Como se pronuncia isso?! O que ele fez pra merecer esse nome, meu Deus?!?!?! Na verdade eu ia comentar que ele era o único guitarrista não-vinculado a uma banda, mas depois desse nome eu não comento mais nada...


A partir de 5min30seg: O cara abraçado ao de jaleco rosa (jaleco rosa?! SIGNIFICA!), é a Amy Lee?! A cara!!! Só que mais gordinha - e com um corte de cabelo condizente com a época - cafona.


Acabou?! Lógico que não! Mas e a preguiça de rever esse vídeo quase onze horas da noite?!


Preciso falar do figurino?! Não, né?!


E os cortes de cabelos e penteados?! Deus dá cabelo pra quem não sabe usar...


Mas tirando tudo isso, ainda estou emocionada com essa versão metal farofa de "We Are The World" - NOT.




Update: Achou algo que merece ser comentado?! Então, use os comentários pra isso. Quer me xingar?! Usa os comentários também, ainda não tenho um telefone pra SAC.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Falta

Não se importe se às vezes lhe falta o que dizer
Isso não quer dizer que lhe falta o que pensar
Na verdade, muitas das vezes em que faltam as palavras
É porque sobram os sentimentos e pensamentos.

Rehab

Ai ai Amy . . .

They tried to make me go to rehab, but I said: "No, no, no". Pois é, nem só Amy Winehouse precisa de reabilitação... Como dito no post anterior, tentei passar esse fim-de-semana prolongado sem usar o computador. E consegui. Em termos.
Não vou comentar tudo aqui, deixo isso pro meu outro blog. Mas descobri muitas coisas nesses dias.
1º: É quase impossível viver sem computador. Quase. Em dois momentos nesse fds eu sentei em frente ao computador ligado (em minha defesa tenho que não fui eu que liguei o computador, e não fiquei muito tempo em frente a ele). Isso descontando a vez que nem sentei, só pluguei meu mp3 pra carregar e deixei. As duas vezes foi quando pluguei meu mp4. No outro blog contei que ele estava me irritando um pouco (uma grande mentira, porque ele me irritou tremendamente). Pois bem. Ele apresentou um problema aleatório e louco, que não podia ser consertado na assistência técnica. Depois de quase 20 dias ele voltou - formatado. Quase 10 GB de música que foram apagados. Tive que colocar as músicas tudo de novo. Por isso que usei duas vezes o pc.
2º: É não só possível, como também relativamente simples, viver sem internet. Nas duas vezes que usei o computador, não acessei a internet. Fora o choque inicial de não entrar no MSN, Facebook, Orkut, Twitter, Formspring, Gmail e outros ao mesmo tempo, foi bem tranqüilo ficar 'offline' por uns dias... Dormir cedo foi recompensador, assistir a  TV um pouco foi divertido, ouvir música por mais tempo é sempre algo bem-vindo. Não precisei da internet esses dias pra saber sobre os meus amigos ou pra me divertir - o casamento de segunda que o diga!
Chego então a seguinte conclusão: é possível sim viver menos conectado. É muito difícil não usar as tecnologias a que temos acesso. Mas não é necessário ficar o dia inteiro preso a elas. E por último, mas não menos importante: 'Desplugar-se' não causa síndrome de abstinência.

PS.: Aprendi como ocultar links em palavras! Eu sei que é muito fácil, mas entenda que pra mim isso é como passar pro plano cartesiano uma equação de 2º grau - com a diferença que eu não sei mais como passar pro plano cartesiano uma equação (aliás, eu não sei mais nada relacionado a plano cartesiano).

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Muda

Não pense que tudo muda
Porque certas coisas continuarão iguais
Mas não pense que nada muda
Porque as coisas que mudam são ainda mais.

Em Construção

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nostalgia

Às vezes vem pra lembrar
Que o passado foi bom
Que não é preciso esquecer
De tudo aquilo que passou

Mas às vezes vem machucar
Borrar o que a mente guardou
Eu fico tentando entender
Porque ainda dou tanto valor

Às vezes tenta passar
A ideia de que foi melhor
Que o presente não é
Tão bom quanto ele foi

E esse gosto que dá
na boca, é como um licor
Que até bom pode ser
Mas muito pouco durou

Unplugged

Oops! Unplugged errado...

Esse é o blog onde eu menos posto. Acho que é porque eu sempre posto aqui pensamentos mais... profundos. Aquelas coisas que a gente pensa, pensa, pensa, mas pensa também que aquilo nunca vai sair da esfera do pensamento. Pois é. O que sobrevive a essa luta interna e aterrorizante - que é lutar contra si mesmo - vem parar nesse blog. Bom, é pouco provável que quem já tenha lido os posts, ache tudo tão dramático assim... Normal. Drama faz parte da minha vida - junto com Comédia, Ação, Aventura, Suspense... Terror eu não gosto, e Romance está difícil... rsrsrs
Mas esse post não é pra falar sobre pensamentos, e como eles sobrevivem até se tornarem posts. Não. Esse post é um daqueles pensamentos que teimam em aparecer, ficam rondando, a espera de uma chance. Pois bem. Ele teve agora a sua. Um contato profissional (isso soa chic, não?!) programou o e-mail dela para responder a todos que lhe mandassem e-mails: "Até dia 16 de janeiro, estarei de férias DE VERDADE e portanto, sem acesso a e-mails :-)". Exatamente isso. Nada do tipo "Estarei fora até dia tal", ou "Sem internet", nada que diga ESTOU IMPOSSIBILITADA DE USAR UM COMPUTADOR, mas sim NÃO QUERO ME CONECTAR ESSES DIAS. Simples assim. Simples, rápido e indolor.
Isso foi hoje. Há algum tempo que eu penso como me desconectar. Não vender meu computador de casa, ou destruí-lo, nem mudar de profissão e começar a vender bijoux na praia (nada contra, seria ótimo!). Me desconectar mesmo tendo a oportunidade de estar conectada. Ficar, sei lá, um fim-de-semana sem usá-lo, mas não porque eu estive fora, e onde eu estava não tinha computador, ou porque eu não tive tempo. Ficar desplugada porque eu QUERO ESTAR, e não porque ERA A ÚNICA OPÇÃO.
Internet hoje é um vício, assim como beber, fumar, jogar, gastar compulsivamente, comprar esmaltes (oi?!), entre outros. Passamos mais tempo na frente de um computador do que deitados numa cama - e olha que eu curto pra caramba dormir. Mesmo quando não tem nada de bom pra se ver na internet (e isso pode parecer impossível, mas não é), eu preciso ligar o estabilizador, apertar o botãozinho da CPU, esperar o Software iniciar, conectar a internet e entrar - aqui, ali, em qualquer lugar.
A internet é um vício relativamente moderno. Eu passei a minha infância toda, e quase a adolescência inteira sem um computador com internet em casa. Sobrevivi a isso. Muito bem aliás. Hoje vejo crianças de 9, 10 anos com notebooks e webcams, e penso se isso é realmente saudável - e seguro.
Mas não vou pensar em criancinhas usando uma ferramenta inadequada para sua idade, em analfabetos funcionais que "causam" na internet, ou criticar como o livre acesso a informação não deixou as pessoas mais inteligentes - pelo contrário. Vou pensar no meu vício na internet. Como ela está me atrapalhando. Como ela está me limitando, ao invés de me expandir.
Além do desabafo (e que desabafo!), vamos tentar algo novo. Vamos tentar passar esse fim-de-semana prolongado (em SP) sem se conectar. Sexta a noite, correria, pois vou passar o fds fora. Segunda, correria, porque vou num casamento. E terça-feira?! Sossego total, estou planejando só tirar o pijama pra tomar banho e por outro pra dormir. Será que eu consigo ficar 4 dias sem aparecer por aqui?! Será que vou ficar um dia inteiro em casa sem ligar o meu computador?! Veremos.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Constatações

É engraçado revisitar o passado e ver o quanto a gente muda em tão pouco tempo.
Os sentimentos que pareciam te dominar nem existem mais.
As dúvidas que te corroíam sumiram.
Medos que julgávamos eternos desapareceram.

Ficar com aquele sentimento estranho sobre o passado é normal - aquele sentimento estranho que alguns chamam de vergonha, embaraço, constrangimento, mas não é exatamente isso. É algo além. Como se não nos reconhecesse-mos mais naquelas palavras. Como olhar um retrato antigo e por um instante ficar em dúvida se é realmente você que está ali.
Mas é sim. Você é aquele que está naquele retrato, com uns dentes faltando, vestida de bailarina - ou de super-herói no caso dos meninos. E você é aquele que você vê todo dia no espelho - nem que seja pra escovar os dentes e pentear o cabelo.
E eu sou aquela menina assustada que pensava não ser capaz de escrever - que dirá de ter 4 blogs simultâneos! E eu sou essa que escreve agora, sem medo, e com uma curiosidade imensa. Vontade de enfrentar novos medos, correr outros riscos, ousar.
Se a gente já viesse pronto, acho que a vida não teria a mesma graça. Bom mesmo é ver até onde a gente pode ir.

Preguicinha

Nessa tarde chuvosa
A preguicinha se instala
A tarde passa vagarosa
O bocejo a boca não cala

E assim vai o dia inteiro
Preguicinha me acompanha
Eu fico até meio sem jeito
Parece que estou fazendo manha

Fico pensando na vida
Vendo o tempo passar
E a preguicinha escondida
Querendo me dominar

Fazer o que, preguicinha?!
Você fica mais um pouco
Melhor do que ficar sozinha
E você já está me deixando louca...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PASSEI

Resolvi publicar esse post porque... sei lá, deu vontade... Antigaço... Só pra lembrar que eu PASSEI NA PROVA PRÁTICA DO DETRAN!

Dia nublado em São Paulo capital. Chuviscos ocasionais. Tempo fechado. Mas pra mim isso é uma dia lindo. Um dia maravilhoso. Um dia incrível e inesquecível. Por quê?! Porque eu PASSEI NA PROVA!!!

Eu passei. Pura e simplesmente isso. Eu cheguei na Auto-Escola 6h30, conversei com os meus "coleguinhas" de prova, fomos de micro-ônibus até o local... Tudo normal, tudo como das outras vezes. Ok!, o local era diferente, mas isso não é o suficiente para essa mudança... Ou seria?!

Creio que mais importante que o local da prova, ou o carro, ou o examinador, era o meu estado de espírito. Nem ansiosa por ser a 1ª vez, nem com muita expectativa de passar como na 2ª, um pouco cansada por ser a 3ª, mas não desesperançosa como se fosse a última chance...
Ele acaba aí... Eu não fiz um final pra ele... Tudo bem, o mais importante é que eu PASSEI NA PROVA PRÁTICA DO DETRAN! (Não me canso de repetir isso...)

O cara mais legal do mundo (do cinema) é…

… Clint Eastwood.



Mesmo que ele tenha se tornado uma unanimidade, coisa que me gera instantânea rejeição. Não é culpa dele. E mesmo que eu não seja grande admirador do que ele vem fazendo na última temporada. Nem tenha vontade incontrolável de sair correndo para assistir seu drama sobrenatural, Além da Vida.

Clint não é meu ator, diretor, astro ou qualquer coisa favorito. Mas é meu personagem hollywoodiano favorito.

Não é porque Clint seja um ator talentoso.

Não porque seja um diretor muito convincente ou um produtor muito eficiente.

Não porque tenha construído uma trajetória independente dentro de um grande estúdio.

Não porque tenha opiniões contra a corrente e nenhum medo de defendê-las.

Não porque frequentemente faça ótimas trilhas para seus filmes.

Não porque tenha excelente gosto musical - para sua idade.

Não porque, superfamoso, se negou a ser uma “celebridade.”

Não porque tenha vários filhos com várias mulheres e nenhum nunca tenha dito nada de negativo sobre o pai.

Não porque mora faz 40 anos em Carmel, uma cidadezinha agradável entre Los Angeles e San Francisco, e não em Beverly Hills.

Não porque tenha sido prefeito nessa cidade.

Nem porque tenha fundado um restaurante lá chamado Hog’s Breath, Bafo de Porco.

Onde, numa tarde de agosto de 1992, minha namorada e eu detonamos um monte de iguarias mexicanas regadas a Cuervos e Coronas.

Uns dias depois de eu comemorar meus 27 anos assistindo, no dia da estreia, em San Francisco, Os Imperdoáveis. It’s a wonderful life, yeah.

Clint Eastwood é o cara mais cool do cinema por tudo isso junto. É fácil ser ótimo em uma coisa, médio em outras tantas, uma porcaria na maioria. Difícil é brincar bem nas onze.

Sou fã de Clint desde Fuga de Alcatraz, 1979, e, porque não, discípulo à distância.

Marlon Brando atuou melhor, Billy Wilder dirigiu melhor, John Wayne foi mais popular, Steven Spielberg ganha mais dinheiro, Woody Allen escreve melhor, Fred Astaire foi um marido melhor etc.

Mas ninguém foi tão bem em tantas frentes diferentes. Pensando com a própria cabeça e correndo os próprios riscos.

Clint é  um exemplo. Porque é um mestre que não parou de aprender. Envelheceu como whisky - 80 anos dia 30 de maio de 2010.

A prova são os filmes que fez no Século 21, mais ambiciosos que os da década de 90, que eram um passo a frente dos seus filmes dos 80 - e assim em diante, para trás, desde sua primeira ponta em A Vingança do Monstro.

Você assistiu? Eu não. Sei que é uma porcaria de filme. Mas para quem cresceu na depressão, trabalhou de frentista, bombeiro e pianista de boteco e por pouco escapou da Guerra da Coreia, ser coadjuvante da Criatura da Lagoa Negra já estava bom demais. Que dizer virar um ícone.

Clint também continua aprendendo a viver. Foi por isso que quando lançamos uma revista de cinema, a MOVIE, a nº1 tinha um imperdível entrevistão de Clint. Tinha que estar lá. Porque a primeira edição de uma revista é sua estreia.

E não tem ninguém que mereça mais o tapete vermelho do que Clint Eastwood.



 

André Forastieri



http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/

 

 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ninguém vai te salvar, nem Jesus

“Só Jesus Salva”.

A frase-mantra está estampada em adesivos de carros, postes, propagandas de tv. Vende camisetas, bonés, canecas, lápis: artigos comprados para, em última instância, assegurar a salvação. Garantir o green card no céu. Artigos adquiridos por uma preguiça imensa de assumir a responsabilidade pela própria vida e pelos próprios atos. Para mim, a pior desgraça da raça humana.

Jesus não salva. Nem Maomé, nem Buda, nem Iansã. O que nos salva é o esforço contínuo em detectar nossos defeitos e trabalhar arduamente para que eles cada vez menos nos definam.  O que nos salva é desenvolver consciência, não delegar a existência.

Este fato é um fardo tão pesado e cruel para algumas pessoas que negá-lo e tomar o atalho da terceirização parecem as únicas saídas, as únicas verdades: “eu me ponho em suas mãos; faça o que quiser da minha vida”. Colocar-se à mercê de outro— seja ele Deus, o chefe, a mãe, o marido— é jamais caminhar com as próprias pernas; é ficar preso na roda incessante dos erros e nós internos que, por nunca terem sido conhecidos, jamais serão evitados, superados. Ignorar algo não faz com que essa coisa suma…

Auto-análise certamente dá muito mais trabalho do que creditar as mazelas da existência ao diabo, ao governo, ao vizinho ou, supremo horror, à falta de fé (dizer que alguém está na lama PORQUE não acredita em alguma coisa é tão patético quanto afirmar que alguém é cego porque merece), mas é o único caminho para nos tornamos dignos, merecedores, capazes. Humanos. Depositar a culpa no outro— no diabo, no governo, na ex—  pode causar algumas frases de consolo mas denota uma trágica e patética prisão na infância mental e comportamental.

Não adianta olhar para o céu escuro e dizer que vai chover se São Pedro assim desejar. Vai chover se uma frente fria estiver chegando, motivada pela bagunça das estações, causada pelo aquecimento global, gerado pelo excesso de gases emitidos na atmosfera pelo homem e pelo desmatamento constante em todas as partes do mundo. Ter fé pode ajudar— o cérebro humano é um terreno ainda pouco conhecido –, mas não resolve nada. O que resolve é agir em posse da característica mais importante de todas e tristemente escassa nos dias de hoje: discernimento.

Discernimento para notarmos o quanto dos fatos que vivemos são de nossa própria responsabilidade. E, após isso, discernimento para saber o que fazer para consertá-los ou conservá-los.

Não dá para apontar o dedo ou levantar as mãos para os céus sem, antes, verificarmos direitinho se não somos nós mesmos a fonte do que tanto reclamamos.

Ailin Aleixo



http://revistaalfa.abril.com.br/blogs/mulher-honesta/

 

 

sábado, 8 de janeiro de 2011

Não estou no Facebook. Pobre de mim?

Também não tenho twitter – informação que deve interessar às milhares de pessoas que me seguem em três endereços meus “oficiais” no Twitter, que encontrei neste fim-de-semana, com a ajuda de uma colega aqui na redação, já que não tenho a menor intimidade com a “ferramenta de microblogs”. Meu número total de seguidores é 84.562 (e não estou nem somando as 168 pobres almas que se conectaram ao um endereço com meu nome, mas com a foto de um outro colega de profissão…). 84.562 pessoas que acham que estão, hum, conectadas comigo. Fico pensando…

Não tenho certeza de quantas pessoas estão sendo enganadas também com “minha” página no Facebook, pois tenho ainda menos intimidade com a chamada “rede social”. (Você, que pensa rápido, já percebeu que vou falar hoje sobre o filme com esse nome que estreou na última sexta-feira aqui no Brasil – já chego lá!). Não sei nem como entrar no Facebook – algo que não chega a ser um motivo de orgulho, mas, como você vai ver logo adiante, um pré-requisito para minha sanidade… E, só para terminar essa “tabulação abstrata”, já soube um dia, sempre por amigos, que no Orkut (alguém se lembra de Orkut?) eu tinha mais de uma página, cada uma com milhares de seguidores – nenhuma delas, oficial. Cheio de amigos esse Zeca Camargo, não? Pode apostar…

Certa vez soube de uma conhecida que, ao sair de uma festa, depois de ter feito uma nova amiga que, para manter contato, pediu o email dela, respondeu: “Eu não sou mulher de email, querida, eu sou mulher de CEP!”. Não vou tão longe assim, nem sou exatamente alguém avesso a novas tecnologias – quem acompanha este blog há tempos sabe bem disso. Mas nenhuma dessas ferramentas que citei acima, nem mesmo quando apareceram pela primeira vez, me entusiasmaram a ponto de eu querer me associar a elas. São várias as justificativas para essa minha atitude, hum, “anti-social”, mas para dar apenas uma (a mais rápida), eu diria que não tenho tempo para isso. Sério! Eu tenho só um número de telefone e um email – e isso já dá um trabalho louco para administrar.

A idéia de “estar conectado” usando um software desses sempre me pareceu, digamos, pleonástica, uma vez que meu próprio trabalho me coloca em contato com  dezenas – quando não centenas – de pessoas todos os dias (e não estou nem falando, claro, de telespectadores, uma vez que a contabilidade aí chega facilmente aos milhões, pelo menos aos domingos… mas eu divago…). No início desse “fenômeno comportamental”, quando muitas pessoas vinham me contar admiradas que haviam reencontrado conhecidos do passado, cheguei a fazer um exame de consciência: com quantas pessoas da minha infância ou tenra adolescência eu gostaria realmente de reconectar? Cheguei a uma lista pequena – apenas para descobrir que os nomes que incluí nelas eram de pessoas que, bem… eu ainda mantinha contato. Ou seja, se certas figuras ficaram para trás na minha história, talvez – talvez! – seja porque elas pararam de ter alguma coisa a ver com… a minha própria história. Por que deveria eu cutucar esse passado, esquecido por uma darwiniana seleção natural?

Ainda: para uma pessoa que tem boa parte da sua vida pública – por força do meu trabalho –, que sentido faz eu anunciar constantemente o que estou fazendo? Comunicar as minhas atividades banais – “peguei um táxi e o trânsito está infernal”, por exemplo – sempre me pereceu não apenas uma perda do meu tempo precioso, como também o da pessoa que pudesse eventualmente ler tal (des)informação. E, para finalizar, já me penalizo o suficiente quando fico longe de amigos queridos com os quais não consigo manter contato – um bom punhado de pessoas maravilhosas que me fazem feliz. Imagine então me comprometer com milhares de seres dependentes de um “tweet” ou de uma nova mensagem compartilhada no Facebook?

Não quero criticar você que “se encontrou”, ou pelo menos descobriu uma razão de viver depois que essas ferramentas passaram a fazer parte do nosso cotidiano – cada um sabe onde mora a felicidade… Mas tenho que dizer que estou bem feliz com as “redes sociais de verdade” que construí como um crochê tunisiano – e que gosto de usar como um cachecol, rente ao corpo. O que não me impediu que me divertir imensamente com novo filme de David Fincher, “A rede social”.

Fui vê-lo há algumas semanas, antes de estrear no Brasil, quando estava de passagem por Londres para entrevistar Sir Paul McCartney. Desde então, queria sempre escrever sobre ele, mas fui sendo, digamos, atropelado pelos acontecimentos do universo pop. E depois, quando surgiu um espaço, li um artigo sobre o filme que me deixou paralisado – tão bom, que me senti temporariamente incapaz de escrever qualquer coisa sobre o assunto. Um texto tão inteligente e sensacional, que dizia tudo que eu queria ter dito de maneira tão original, que eu quase desisti definitivamente de postar algo sobre o filme…

Mas sobrevivi a esse impasse e estou aqui para dizer que “A rede social” é sensacional. Nunca deixei de admirar Fincher – de “Se7en” a “Zodíaco” (mesmo o ambicioso “Benjamin Button” deixou-me no mínimo fascinado). Só o fato de saber que é ele quem vai assinar a primeira produção hollywoodiana da trilogia “Milênio” me enche de esperança. Mas ao filmar essa história de “criador e criatura” – respectivamente, Mark Zuckerberg e Facebook – ele se superou. Daquele início verborrágico – onde Jesse Eisenberg no papel principal, ao metralhar um dos discursos mais imbecis, arrogantes e lúcidos do cinema, prova que não só é o melhor ator da sua geração como é capaz de sequestrar a atenção mesmo do mais dispersos usuários do Facebook por mais do que apenas alguns segundos – até o inverossímil (ainda que redondo) desfecho patético para o bilionário mais jovem da história, Fincher mostra definitivamente que é capaz de dar um ritmo a uma produção de peso como poucos hoje no cinema. (Spielberg, talvez, fosse um nome que pudesse se igualar a ele, mas desde “Munique” tenho cá minhas dúvidas – mas eu divago novamente…).

Baseado na história “real” (reparou nas aspas?) da criação do Facebook – tirada do bom livro de Bem Merrich, “Bilionários por acaso” (editora Intrínseca) –, “A rede social” é tão mirabolante que mais de uma vez durante o filme, desencanei que era uma espécie de biografia e encarei o que via como um trabalho de ficção. O mérito é de Fincher sim, e é também do elenco (além de Eisenberg, Andrew Garfield, que já tinha elogiado em “Não me abandone jamais”, está excelente no papel do co-criador do Facebook, Eduardo Saverin, e vamos combinar que Justin Timberlake merece todas as boas críticas que vem recebendo por interpretar Sean Parker, o criador do Napster). Mas Aaron Sorkin, que assina o roteiro é o grande responsável por me fazer não querer perder sequer uma linha de diálogo durante duas horas contínuas.

Porém, os elogios que fiz até agora, ainda que bem honestos, limitam-se às características mais superficiais de “A rede social”. O filme, como quem já assistiu pode comprovar, tem um impacto muito maior no espectador do que simplesmente o de uma obra cinematográfica. Trata-se de um apurado tratado sobre o que está acontecendo com a gente – como estamos achando que estamos ficando mais próximos quando, na verdade, estamos ficando cada vez mais sós. Raras vezes um filme tem o poder de trazer essa presciência imediata, essa capacidade de falar do momento atual provocando incômodas conclusões sobre o nosso futuro como seres humanos. Esse é o lado mais interessante de “A rede social” que eu queria discutir com você desde vi o filme em Londres. Mas aí veio Zadie Smith e acabou com a minha festa.

Smith é uma das escritoras mais admiradas da literatura contemporânea – e uma das minhas favoritas também. E é dela o artigo que citei acima, que colocou um bloqueio da minha capacidade de escrever mais a fundo sobre o último filme de Fincher. Publicado na edição de 25 de novembro da “New York Review of Books” , o texto começou a me prender logo de início, quando Smith escreve:

“Eu sempre me preocupo achando que minha idéia do que constitui uma pessoa é nostálgica, irracional, imprecisa. Talvez a geração Facebook tenha construído suas mansões virtuais de boa fé, para abrigar as Pessoas 2.0 que elas genuinamente são, e se eu me sinto desconfortável dentro delas é porque ainda sou teimosamente uma Pessoa 1.0. Contudo, quanto mais tempo eu passo com a ponta final da Geração Facebook (sob a forma de meus alunos), mais me convenço de que parte do software que atualmente define essa geração não faz justiça a ela. Eles merecem coisa melhor”.-

Dito isso, Zadie Smith desenvolve o que eu chamaria de – pedindo licença a Win Wenders (!) – “um pequeno tratado sobre o estado das coisas”. Tudo, claro, em cima do filme – que, segundo ela, é uma história “sobre pessoas 2.0 feita por pessoas 1.0 (a evidência número 1 é a própria sequência de abertura, já citada aqui: texto, texto, texto!). A “parábola” da história de Mark (Zuckenberg) é uma triste saga, que já vimos em várias versões: a do cara que só queria ter amigos. Por uma única conjunção de acaso (ou melhor, um fora da namorada), necessidade (ou melhor, carência emocional), talento (ou melhor, habilidade intelectual) e oportunidade (ou melhor, a chance de passar a perna em quem te ofereceu uma oportunidade), a história batida dessa vez produziu algo que iria redesenhar nosso cotidiano e nossas relações – a própria maneira como vivemos hoje.

Mas que vida é essa que o limitado espaço (sim, limitado) desenvolvido por Zuckerberg nos permite usufruir? Uma que Smith prefere não viver, “onde 500 milhões de pessoas conectadas decidem todas assistir a um reality show chamado ‘Bride wars’, porque seus amigos estão fazendo o mesmo”.

Na sua apreciação do filme, a escritora junta ainda observações sobre um livro recém-lançado nos Estados Unidos – “You are not a gadget: a manifesto” (“Você não é a peça de uma máquina: um manifesto”), escrito por um dos visionários da internet, Jaron Larnier. Escreve ele: “No Facebook, como em outras redes sociais virtuais, a vida torna-se um ‘database’, e isso é degradante”. Smith o cita várias vezes no texto, mas a frase de Larnier que resume melhor sua mensagem – que é, claro, contra a padronização dos seres humanos pela internet (e pelas redes sociais) – é essa: “Você tem que ser alguém antes de se compartilhar com os outros”.

Lida assim, meio solta, parece uma tola sentença pinçada de um livro de auto-ajuda. Mas, na sua simplicidade, esse é um pensamento brilhante – que é ainda mais brilhantemente desenvolvido por Zadie Smith. Ela nos lembra, por exemplo, que o Facebook foi desenhado por um universitário de segundo ano, que tem as preocupações de… um universitário de segundo ano! Por que o que nos define na página do perfil é um filme, um livro, uma música, pergunta a autora, e não uma obra de arquitetura, uma ideia, ou uma planta? “Não parece um pouco ridículo”, argumenta ela, “sua vida nesse formato?”.  Os parâmetros que definem quem você é na sua página serão sempre menos interessantes do que todo o conjunto de características que definem quem você é na vida real. E isso é não só enganador, como surreal – não exatamente num sentido positivo…

Para Smith, que só teve dois meses “de vida” no Facebook antes de se desconectar, encontrar, por exemplo, uma mensagem tipo “fofa” – “Fik c os anjuuuus!! LOL!!” – na página de uma adolescente que foi assassinada é mais que constrangedor, é vergonhoso:

“Quando leio uma coisa assim, tenho uma pequena discussão comigo mesma: “É culpa da má educação. Eles sentem o que todo mundo sente, só não têm a linguagem necessária para expressar isso”. Mas outra parte de mim tem um pensamento mais obscuro, mais assustador. Será que eles acreditam, porque a página da garota continua lá, que ela ainda está, de alguma maneira, viva? Que diferença faz, afinal, se todo o contato que existia era virtual”.

Depois desse artigo de Zadie Smith – que é longo, mas cuja leitura eu encorajo fortemente –, minhas dúvidas sobre não ter entrado no Facebook (e similares) até hoje foram inteiramente dissipadas. Se já não me sentia exatamente excluído por não ter a minha página, agora então me sinto um privilegiado por ter teimado em ficar de fora. Até porque, tudo muda… Daqui a mais alguns anos, o próprio Facebook deve ser ultrapassado por uma outra invenção – tomara que mais interessante, em termos de humanidade, do que a de Zuckerberg. E a “ferramenta sem a qual ninguém pode mais viver” será tão lembrada quanto o seu Pager (qual foi a última vez em que você ouviu alguém dizer que ia mandar um “bip”?).

E eu espero que, quando esse dia chegar, alguém faça um filme tão bom sobre essa nova transição quando “A rede social”!

 
Zeca Camargo

 

http://g1.globo.com/platb/zecacamargo/

Amy Winehouse, de mentira e de verdade



 

Amy Winehouse é uma ruína drogada, bêbada, tatuada, desdentada, esquálida, indulgente, coberta de trapos, e seu grande talento é reempacotar para os recém-chegados a música negra que fazia sucesso antes de ela nascer. Cada geração tem o Keith Richards que merece - ou, dependendo da sobrevida, seu Sid Vicious.

Como Sir Keith, Amy não é só o lixo humano que aparenta. Molambo, sim, mas com instintos comerciais sempre em dia, operacional o suficiente para manter o faturamento - essa semana, no Brasil. Doidinha, mas tem alguns milhões no banco, e quem cuida da grana são seus pais.

Winehouse, claro, não faria 10% do sucesso se fosse uma alegre loirinha, ou uma solene crioula. A graça é que ela é punk, uma sex pistol de saias, tropicando nas canelas, fumando crack, socando fãs, espargindo perdigotos na plateia. Já a viu completamente fora de órbita brincando com camundongos recém-nascidos? Não perca. Foi para isso que inventaram a internet.

É de mentira? É de mentira tanto quanto Keith ou Sid. Amy Winehouse entrou no mundo da música pelas mãos de Simon Fuller, empresário de uma longa lista de artistas pré-fabricados e criador da megafranquia “show de calouros” Idol, que rendeu American Idol e aqui, Ídolos. Seu primeiro disco foi produzido por Salaam Remi, produtor de mão cheia e com longo currículo, com acento reggae. No segundo disco, Remi ganhou a companhia de Mark Ronson, um dos produtores mais elegantes e talentosos da não tão nova geração. Bem, Sid tinha Malcolm McLaren, e Keith tinha, de cara, Mick Jagger.

Amy é uma garota judia de Londres, filha de motorista de táxi, que fazia escola de artes desde a pré-adolescência. É “rebelde”. Foi expulsa de uma escola por fazer um piercing aos 14 anos, namorava vagabundos etc. Como tantas mocinhas que se sentem incompreendidas (e como tantas mocinhas que, além disso, são feias), Amy se apaixonou pela mitologia das mulheres sofridas, que têm uma porcaria de vida porque sofrem de amor. Seus ídolos são mulheres independentes dependentes, mal-tratadas por seus machos, que chafurdam na cachaça e companhia e conseguem transmitir as feridas para as cordas vocais. O sonho é ser neta de Billie Holiday, sobrinha de Nina Simone, filhota de Janis Joplin.

Na prática, sua música estacionou entre os 60 (as garotas perigosas da gravadora Motown e similares - Ronnie Spector, Martha Reeves, Shangri-las - e as minidivas britânicas - Petula Clark!) e, preste atenção, o jazz-soul yuppie-chic de Sade.

Drogados precisam de grana fácil. Amy já estava empepinada com drogas antes do sucesso, entre o primeiro disco, Frank, aplaudido pela crítica e mais ninguém, e o fenômeno Back to Black. O som mudou no meio do caminho e o visual junto. Perdeu quilos, ganhou o coque gigante e “atitude”. Abandonou a simpatia e o sorriso fácil. Virou “bad girl” e ícone fashion, celebrada por Karl Lagerfeld. Conquistou moderninhos e caretaços. Consenso paga bem.

É punk de butique? É crooner de boate? Uma amiga que é fã de Amy me garantiu ontem que as letras são boas - não duvido e não confiro - e que espera que Amy esteja caindo pelas tabelas no show. “As letras são sobre coisas comuns. Ela não finge. Ela é aquilo ali mesmo. E tem que continuar tomando todas, porque isso é o que ela é. Quem quer vê-la toda caretinha e comportada?” Eu não. Se morrer logo, morreu, vira lenda, Sid Vicious. Se sobreviver mais uns trinta anos, duvidoso, pode emplacar como herdeira de Keith Richards, o bandalho profissional. Só a regeneração seria imperdoável.

Amy Winehouse é de mentira e de verdade, porque soa verdade. Nós nos tornamos o que somos...
André Forastieri

http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Perenidade e Serenidade

Sabe o que é perene?! O dicionário Michaelis define como: "Que não tem fim; eterno, perpétuo. Incessante, ininterrupto, contínuo." Acredite: por muito tempo eu achei que essa palavra significasse justamente o contrário disso.


Agora, o que é sereno?! Novamente o Michaelis: "Calmo, sossegado, tranqüilo. Que indica serenidade, tranqüilidade e paz de espírito; calmo, isento de inquietações e de perturbações." Além, é claro, do sentido maternal da palavra: "Menino, vai sair nesse sereno?!" rsrsrs


E por que eu estou falando dessas duas palavras?! Primeiro, porque eu sempre relaciono uma com a outra, sei lá a razão - talvez pela semelhança sonora das duas, vai saber?! E também, porque acontecimentos recentes me fizeram pensar nas duas.


Todos os funcionários aposentados da USP serão mandados embora. (Oi?! Tá faltando alguma explicação aqui?! Bora lá).


Eu trabalho na USP. Quer dizer que eu sou funcionária pública?! Mais ou menos... Passei num concurso público?! Sim!!! Sou estável?! Não... A USP não é exatamente um órgão público, está mais para uma autarquia - algo que, se um dia eu entender direitinho, eu explico pra vocês. Voltando ao assunto: Fora os docentes (eles não são professores, tá?! São docentes... #luxo), todos os funcionários são contratados pelo regime celetista (CLT, quem trabalha sabe o que é; quem não trabalha é feliz por não saber). Ou seja, somos iguais a qualquer funcionário (registrado) de empresas privadas - só que passamos numa prova pra estarmos aqui.


Agora, os aposentados. Nesse momento deixamos de viver no Mundo Encantado, Terra do Nunca, País das Maravilhas ou OZ. A vida - mas principalmente o trabalho - não é um conto de fadas. Você não vai completar 50 anos, ter trabalhado 30, se aposentar lindamente e passar o resto da sua vida na sua casa de praia. Não. Você vai trabalhar muito mais que isso, se aposentar quando estiver morrendo, e não vai ter uma casa na praia (sinta-se grato se tiver uma casa própria).


Então, você se aposenta. Você gosta de continhas?! Eu também não, mas elas são importantes e nós vamos usá-las agora. Você recebe o teto (máximo) da aposentadoria (R$ 3.689,66 de acordo com notícias recem-tiradas da net), se contribuiu por X (considere X um valor real e grande que eu não sei te informar agora) anos com 11% desse valor (calculadora do Windows - amo! - diz: R$ 405,79). Ou seja, R$ 405,79 do seu salário vai pro INSS, todos os meses, durante toda a sua vida (exagerei agora, mas é quase isso), pra um dia se aposentar e ganhar R$ 3.689,66. Agora me responda: Você está ganhando o suficiente para comprometer 400 reais do seu salário pro INSS?! Nem eu. Mas mesmo que esse fosse o caso, não é assim que funciona. Isso desconta da sua folha de pagamento (Hollerith, pros mais antigos - ou mais frescos) automaticamente. Só te descontam 11% se você está na faixa dos 11%. Quer saber em que faixa você está?! Joga no Google - eu não vou facilitar a sua vida.


Pensa que acabou?! Nada. É mais fácil você morrer antes de se aposentar. Isso porque as leis humanas (não desse ou daquele político, mas de todos) visam o benefício próprio e não o da população. Então, além de ganhar pouco por causa da matemática, você ganha mal por causa da política.


Então, chegamos ao "x" da questão (esse não representa nenhum valor, a matemática ficou lá em cima - Aleluia!): muitos aposentados continuam trabalhando - inclusive aqui na USP.


Quer dizer, trabalhavam. Nosso "querido" reitor (entendam o "querido" com o máximo de ironia e sarcasmo possível, por favor) vai por todos eles na rua. Todos. Não de uma vez só, porque além de ser um rombo no orçamento (não vou explicar passo-a-passo sobre demissão, mas saibam que quem é demitido tem alguns direitos - risos), é um rombo no funcionamento da universidade - as línguas dizem que por volta de 5 mil funcionários estão nessa situação. Mas mais cedo ou mais tarde todos vão. Você trabalha uma vida, aposenta mas continua trabalhando (porque é impossível viver só de aposentadoria nesse país), até um sujeito resolver que você vai curtir a sua aposentadoria - e embora não esteja entre aspas, curtir também é muito irônico.


E onde eu entro nisso tudo?! Eu, que às vezes me confundo se tenho 21 ou 22 anos (é a primeira opção até março...), que estou feliz porque faz mais de um ano que estou aqui (histórico de trabalho: recepcionista - 6 meses; secretária de escola - 4 meses), vou tirar minhas primeiras férias do trabalho em abril, o que eu tenho a ver com isso?!


Volta pro começo do post. Quando eu era mais nova (não faz tanto tempo assim, vai...) achava que perene era algo passageiro. Mas não é. Perene significa ininterrupto, eterno - coisa que nenhum emprego é. Nós achamos que é. Pensamos tolamente que é. Nos enganamos dizendo pra nós mesmos que isso não acontece conosco - só com os outros. E quando eu vejo uma mulher de 50 anos chorar porque não sabe o que lhe aguarda, pensando nas filhas, no emprego, no salário, eu entendo que isso acontece com todo mundo.


E pode ser comigo amanhã. Agora ele manda embora os aposentados. Depois ele pode mandar embora os celetistas (lembra?! Eu não sou estável). Ele pode me mandar embora. Eu, que ainda nem comprei um carro, que não economizei nada todo esse tempo (vergonha!), que ainda quero (e vou!) fazer tanta coisa...


E nessa hora eu lembro da segunda palavra. Não adianta se angustiar pelo que há de vir. Não adianta pensar desesperadamente no que pode acontecer. Não adianta. Porque eu não posso prever o futuro. Nós precisamos nos preparar pro futuro; mas nunca deixar que ele seja nossa única preocupação.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Flor de Cerejeira


 


A foto que ilustra o site é de uma cerejeira. Não só porque é uma das opções dadas pelo blog, mas também porque é uma das minhas flores favoritas. É verdade.


A flor da cerejeira, Sakura em japonês, é a flor símbolo do Japão. Diz a lenda que Sakura vem da princesa Konohana Sakuya Hime, que teria caído do céu nas proximidades do Monte Fuji e teria se transformado nesta bela flor. Acredita-se também que tem sua origem na cultura de arroz. A parte Kura significa depósito onde se guardava arroz, alimento básico dos japoneses, considerado dádiva divina.


Eu sempre gostei muito da cultura japonesa, o respeito que eles tem por todos de todas as culturas. E também porque tenho parentes de descendência japonesa - ou quase isso.


Mas esse post é principalmente para dar um pouco de cor nesse blog que anda meio mal das pernas. Pretendo esse ano dar continuidade àquilo que comecei ano passado. Mas sem promessas de começo de ano. Um beijo.


 


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Viver Não Dói

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos, por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante
e paga pouco, mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim
que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade




segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

First

Primeiro dia do ano (porque que eu resolvi ignorar que acordei às 6 horas da matina em pleno sábado 1º de Janeiro, e ignoro também um domingo chuvoso) e tudo já aconteceu.


Calças molhadas até o joelho (no sentido pé-joelho, não o contrário), sapatilhas secando com a ajuda do ventilador, mp4 novo (e caro pra burro) dando um troll dos infernos, e eu vou ter que me virar pra levá-lo na assistência técnica ainda essa semana (que - pelo menos isso - é perto de casa).


Isso é um bom começo de ano?! Há de ser, há de ser... Porque eu descobri que tudo que dá muito certo no início é porque vai degringolar no meio. Então, se começa bagunçado, é porque coisas boas poderão vir - e virão! - depois. E como disse uma amiga, joga pro Universo...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Loucura

Loucura
Me alcança
Me enlaça
Não sei mais quem sou.

Loucura
Me abandona
No meio do nada
E não sei pra onde vou.

Loucura
Volte aqui
Me leve onde você vai
Me deixe onde tudo começou.

Loucura
Não tem graça
Me deixar assim
E fazer de mim
Só mais um que passa
Sem nenhum valor.

Loucura
Não vá
Fique aqui comigo
Seja minha amiga
Fique onde está
E esqueço toda dor.

Loucura
Não me deixe sozinha
Porque já não sei
Como eu viverei
Sem sua companhia
Sem seu louco amor.

Olhos Azuis

Olhos azuis
O tempo passou
E o vento levou
Lembranças de dias azuis

Não há o que esquecer
Não há nada a apagar
Eu não vou mais sofrer
Quando eu me lembrar

Dos momentos que tive
E dos sorrisos que dei
Dos lugares que estive
E de tudo que ganhei

Eu guardo bons momentos
E esqueço os sofrimentos
E mesmo por instantes
Em um sonho delirante

Você não se esqueceu
Do nosso passado
Talvez tenha lembrado
Que você já foi meu

Olhos azuis
Não sinta mais dor
Se lembrar do nosso amor
Lembre de dias azuis