Mesmo que ele tenha se tornado uma unanimidade, coisa que me gera instantânea rejeição. Não é culpa dele. E mesmo que eu não seja grande admirador do que ele vem fazendo na última temporada. Nem tenha vontade incontrolável de sair correndo para assistir seu drama sobrenatural, Além da Vida.
Clint não é meu ator, diretor, astro ou qualquer coisa favorito. Mas é meu personagem hollywoodiano favorito.
Não é porque Clint seja um ator talentoso.
Não porque seja um diretor muito convincente ou um produtor muito eficiente.
Não porque tenha construído uma trajetória independente dentro de um grande estúdio.
Não porque tenha opiniões contra a corrente e nenhum medo de defendê-las.
Não porque frequentemente faça ótimas trilhas para seus filmes.
Não porque tenha excelente gosto musical - para sua idade.
Não porque, superfamoso, se negou a ser uma “celebridade.”
Não porque tenha vários filhos com várias mulheres e nenhum nunca tenha dito nada de negativo sobre o pai.
Não porque mora faz 40 anos em Carmel, uma cidadezinha agradável entre Los Angeles e San Francisco, e não em Beverly Hills.
Não porque tenha sido prefeito nessa cidade.
Nem porque tenha fundado um restaurante lá chamado Hog’s Breath, Bafo de Porco.
Onde, numa tarde de agosto de 1992, minha namorada e eu detonamos um monte de iguarias mexicanas regadas a Cuervos e Coronas.
Uns dias depois de eu comemorar meus 27 anos assistindo, no dia da estreia, em San Francisco, Os Imperdoáveis. It’s a wonderful life, yeah.
Clint Eastwood é o cara mais cool do cinema por tudo isso junto. É fácil ser ótimo em uma coisa, médio em outras tantas, uma porcaria na maioria. Difícil é brincar bem nas onze.
Sou fã de Clint desde Fuga de Alcatraz, 1979, e, porque não, discípulo à distância.
Marlon Brando atuou melhor, Billy Wilder dirigiu melhor, John Wayne foi mais popular, Steven Spielberg ganha mais dinheiro, Woody Allen escreve melhor, Fred Astaire foi um marido melhor etc.
Mas ninguém foi tão bem em tantas frentes diferentes. Pensando com a própria cabeça e correndo os próprios riscos.
Clint é um exemplo. Porque é um mestre que não parou de aprender. Envelheceu como whisky - 80 anos dia 30 de maio de 2010.
A prova são os filmes que fez no Século 21, mais ambiciosos que os da década de 90, que eram um passo a frente dos seus filmes dos 80 - e assim em diante, para trás, desde sua primeira ponta em A Vingança do Monstro.
Você assistiu? Eu não. Sei que é uma porcaria de filme. Mas para quem cresceu na depressão, trabalhou de frentista, bombeiro e pianista de boteco e por pouco escapou da Guerra da Coreia, ser coadjuvante da Criatura da Lagoa Negra já estava bom demais. Que dizer virar um ícone.
Clint também continua aprendendo a viver. Foi por isso que quando lançamos uma revista de cinema, a MOVIE, a nº1 tinha um imperdível entrevistão de Clint. Tinha que estar lá. Porque a primeira edição de uma revista é sua estreia.
E não tem ninguém que mereça mais o tapete vermelho do que Clint Eastwood.
André Forastieri
http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/
Nenhum comentário:
Postar um comentário