quarta-feira, 24 de novembro de 2010

É cada vez mais difícil escolher

Você às vezes sente que corre, corre e não chega a lugar nenhum? Que trabalha, trabalha, e não produz o que queria? Que tem coisa demais para fazer e não faz o que precisa? Que a lista de tarefas nunca acaba?

Ninguém escapa de se sentir assim de vez em quando. Ou de vez em sempre.

E a tecnologia, que na teoria deveria nos libertar, muitas vezes piora nossa sensação de prisão.

A pressão para estar no Orkut, no Facebook, no Twitter, fazer novos amigos, comentar tudo, ter mais seguidores, favoritar, estar atualizado 24 horas por dia - chega!

Uns escapam de um jeito, outro de outro. Uma amiga decidiu que sua ótima vida, como profissional bem-sucedida, simplesmente não é para ela. Vai pra Nova York, segundo ela, “ler”.

Decidiu que quer andar de jeans e tênis, pegar metrô, cozinhar o que gosta, conversar sobre o que quer. Boa viagem, professora.

Eu fantasio com uma vida mais simples. Você não? Dou meus passinhos pequenos nesta direção. E uns passões para trás. Tanta coisa para fazer, tantas possibilidades - decidir é difícil. Quero menos opções.

Sheena Iyengar, professora na Columbia University, realizou um experimento muito interessante. Ofereceu para um grupo de pessoas seis tipos de geléia para comprar; e para outro grupo, 26 sabores, incluindo os seis do outro grupo.

Quem você acha que comprou mais geleia? O grupo que só podia escolher entre seis sabores. Quanto mais numerosas nossas opções, mais difícil escolher uma.

Frequentemente acabamos escolhendo nenhuma. Ou decidindo escolher nenhuma, ou simplesmente procrastinando, deixando para depois, e deixando a vida nos levar sem decidir nada.

Eu já sabia disso instintivamente. É a sensação que me paralisa em uma megaloja de discos ou uma livraria gigante, recheadas de ofertas irresistíveis. Conheço a solução. É criar as regras antes de entrar na loja.

Na Amoeba, loja de CDs e filmes em Los Angeles que frequento uma vez por ano, só entro depois de decidir a regra do dia: hoje, só comprarei caixas de CDs que estejam em promoção e documentários em DVD.

Nem olho para o resto. É focar e relaxar. Acabo comprando alguma coisa fora da minha regra do dia?

Inevitavelmente. Mas depois que a cesta está cheia de coisas é que vou dar a última bispada, e termino escolhendo só mais dois ou três itens “fora das regras”.

Como transportar esta estratégia para minha vida cotidiana? Vou tentar.

Depois te conto o que aprendi.

 
André Forastieri

Jornalista

http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/

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