sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Não é nada pessoal.

E não é mesmo. Meu problema com dentistas é o mesmo que com os professores de geografia - não é nada contra a pessoa, só com a profissão dela (no caso dos professores de geografia, não é nem com a profissão de professor, mas com a disciplina ministrada). E eu confirmo que não é nada pessoal porque eu já tive uns... alguns professores de geografia, e já passei por trocentos dentistas, e nunca gostei de nenhum.




Well... mentira isso. Teve um dentista que eu simpatizei, mas foi o que extraiu meu primeiro siso, e como o siso estava me incomodando, e ele o tirou e só, nem conta. E teve também um professor de geografia que eu gostei, mas acho que ele não ensinava geografia, só ficava paquerando as meninas...



Mas voltando aos dentistas, eu tinha uma consulta marcada pra hoje. E só não desmarquei porque isso me daria um "gancho" no convênio de 60 dias (luxo que não posso me dar) e ainda teria que pagar a consulta (outro luxo). Então eu fui, com toda boa vontade e felicidade do mundo - só que ao contrário.


Dentista novo, a voz era bonita, mas a pessoa não. Ele era careca e barbado, e embora essa combinação seja certeira, não sei se é o fato de ele ser dentista, ou o fato de além disso ele usar aquela toquinha de dentista (ele é careca! pra que toquinha?!), só sei que não curti o dentista.


No consultório odontológico do convênio toca alpha fm - na sala do dentista. Não na sala de espera. Ali tem uma TV e revistas (e GIBIS!). Mas na sala do dentista toca alpha fm. Então ele me explicava o que tinha de ser feito e me perguntava desde quando meu dente tinha quebrado (falei "não sei", o que é verdade, só não completei com um "faz tanto tempo..."), e eu ia ouvindo J-Lo - uma lentinha dela, eu apostaria em "Glad", mas agora não tenho certeza...


Fui pagar o serviço (o convênio não cobre tudo), voltei pra sala dele (nem pra primeiro fazer e depois eu ir pagar, né?! mas tudo bem) e iniciamos a tortura o tratamento.


Depois disso eu não consegui ouvir mais a rádio porque os aparelhos fazem tanto barulho, isso sem contar o "sugador de baba água", que não sugava nada e quase me fez engasgar uma par de vezes, sem contar a baba água escorrendo pelo meu pescoço - e o dentista nem aí... (senti falta da Dra. Tina nesse momento, embora dentista como todos os outros, ela me parecia mais cuidadosa - isso porque ela era dentista infantil, e eu passei com ela até os meus... 19 ou vinte anos, sei lá...)


Anestesia de dentista - é realmente necessária?! (Não respondam) Como dói! Ontem eu fui tirar sangue, e embora tenha quase desmaiado em cima do enfermeiro (que não era gatinho, e dava uma pinta danada - essa mesmo que vocês estão pensando -, mas foi um doce e me deixou ficar no lugar até meus pés voltarem a reconhecer o chão), acho que preferia tirar sangue todo mês em vez de ir ao dentista - ou não.


O mais legal é que o procedimento dura meia hora, mas a anestesia dura a tarde toda. E a sensação que se tem é que sei lábio inchou até ficar do tamanho do da Lana Del Rey, seu nariz bloqueia e você respira com dificuldade, e você perde a coordenação motora da fala. Só que nada disso acontece, e você fica olhando pros outros como se eles percebessem tudo isso que você tá sentindo, e os outros te olham como se você fosse um babaca - o que você realmente é, naquele momento.


Aí o dentista molha toda a sua cara, porque não basta o pescoço molhado e você engasgando. Há necessidade de tanta humilhação?!


Já temos consulta marcada pra semana-que-vem, quando extrairemos meu último dente do siso. Estamos felizes, sim, claro, ou com certeza?! (Só que não)








Até pensei em postar a J-Lo, mas não confirmo a música que ouvi no dentista - e assim eu tenho a desculpa perfeita pra por Lana aqui... hahaha (Como se eu precisa de desculpas pra isso, o blog é meu mesmo...)


Saudades

Como não poder partilhar com outros as lembranças que eu tenho de você? O que mais dói não é sentir saudade, mas não poder dividi-la com ninguém. É estranho ter passado tantos momentos bons juntos, e agora ter que mantê-los em um canto escondido da memória. Quando a gente perde alguém, perde também tudo que viveu com ele?!
Lembro de você tocando a campainha daquela casa e perguntando a quem atendeu ao interfone: "É do picolé?" Lembro da risada que demos e da troça que fizemos com você.
Também me recordo da discussão que tivemos sobre um livro que você leu e eu não. Ambos tão obstinados nas próprias opiniões.
O bom-humor e a teimosia são traços da sua personalidade que sempre me vem à cabeça. Talvez porque eu seja desse mesmo modo...
Dói muito não ter mais você por perto. Mas isso não é nada comparado a dor de não poder lembrar de você, pelo menos não em voz alta. Falar de você a outros me obrigaria a contar partes dessa história que eu desejo nunca contar. E lembrar de você com aqueles que te conheceram seria reviver uma tristeza.
Enfim, a vida tratou de te tirar da minha, mas não me disse o que fazer com o que ficou. E assim eu vivo sem poder falar das nossas lembranças, pois não deveria nem sentir sua falta.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Palavras

Não faço poesia, não canto
A poesia é que me faz
Ela usa seu encanto
E me inunda de paz

Não sei escrever, nem rimar
Mas as palavras rimam
E quando me veem, cismam
Que eu as devo cantar

Não sou poeta, sou atleta
Faço o exercício da reflexão
Isso me dá inspiração
Ideias em mim desperta

Não sou letrada, estudada
Não sei das coisas, sei de nada
Mas aprendi que a vida ensina
Desde velhinha até menina

Nasci velha, morri jovem
O pensamento tem esse poder
Faz surdo ouvir, cego ver
Dá vida vida aos que morrem

Se eu deixar de existir (morrer)
Guarda as minhas palavras na tua lembrança
Quando já mais velho, volta a ser criança
Pra que assim eu possa persistir (viver)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Porta

Uma porta que dá pra lugar algum
Eu gostaria de passar por ela
E ver pra onde ela me leva
Pois toda porta vai pra algum lugar
Mesmo que seja lugar nenhum
E às vezes eu tenho vontade de ir pra lá...

Desejos

Cure minhas dores
Proteja meus amores 
No meu jardim plante flores 
Encha minha tela de cores 

Faça-me firme, faça-me forte 
Torça por mim, deseje-me sorte 
Guia-me, seja meu norte 
Dê-me vida, esconda-me da morte

Esse Eu

Eu não sou: 
Esse céu; 
Esse sol, 
Eu não sei...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

"These dreams are forever"


"Oh these dreams are forever"


Passei na FUVEST. Difícil acreditar. Ainda. Quando eu vejo meu nome naquela lista, ainda não entendo plenamente o que significa. Vai ver porque sonhei muito com isso. E porque acreditei que sonhos não se realizavam. Nunca. Ou talvez seja porque achei que não daria certo. Que eu não conseguiria passar no vestibular mais concorrido do país. Que não conseguiria nem fazer a prova. Ou até a inscrição pra ela. Ou ainda porque pensava que não devia fazer faculdade. Que seria uma preocupação a mais. Que eu não tinha tempo, ânimo ou capacidade pra isso. Eu desisti muitas vezes antes de tentar. Eu cheguei a me inscrever uma vez e não prestar. Eu pensei todos esses anos em me inscrever novamente, mas nunca o fiz. Até ano passado.


O que mudou ano passado?! Nada. Tudo. Desejos devem ser como fogos. Alguns o tempo trata de apagar. Outros o tempo só aumenta. Esse o tempo aumentou. Ele passou anos escondido, mas sendo alimentado. Provavelmente a escolha da carreira seja algo que nem eu saiba explicar. Não fui eu que a escolhi - ela me escolheu. E disso eu não tenho dúvidas. Não acredito em destino, nem nada disso. Mas seria tolice minha dizer que eu não nasci com isso. Chamemos de genética, então.


E a primeira "culpada" (de tantas que apresentarei nesse texto) por isso é a minha mãe. Sem dúvidas. Se eu não tivesse nascido com isso, mesmo assim seria apaixonada pelas palavras, porque a minha mãe me ensinou a amá-las antes mesmo de saber lê-las ou escrevê-las. Cresci num lar cheio de amor e carinho - e livros. Paredes cheias. Meu pai (outro culpado) comprou todos que julgou necessário pros seus filhos. E a que vos escreve agora sentia uma leve inveja por seu irmão mais velho (culpado) já saber ler enquanto ela, com 4 (QUATRO!) anos não sabia. O que me fez entrar na escola já sabendo ler. QI alto?! Não. Altos estímulos, isso sim.


Depois disso, a lista de culpados só aumenta. Todas as professoras do José Barbosa (até algumas com quem não tive aula) me fizeram amar aprender, mostrando que conhecimento nunca é demais. No Piqueri que eu descobri a minha área. Incrível como Português sempre foi a matéria que mais fez sentido pra mim - embora não fosse exata. Se sempre tive ótimas professoras de português?! Não. Algumas foram péssimas. Mas me motivaram a aprender por mim mesma, e nem sempre acreditar em tudo que me é dito. Provar a mim mesma o que é certo. Um pouco de contestação sempre é bem vinda.


Ainda nessa fase descobri que meu amor não era só à língua materna. Passei a aprender inglês (em escolas públicas pessimamente, em cursos de idiomas razoavelmente, na escola da vida perfeitamente), espanhol, alemão. Amando todas, a última um pouco mais - por motivos desconhecidos.


Mas depois do ensino médio, fui tomada por um pavor mórbido pela FUVEST, e resolvi seguir a minha vida. Mas temer a FUVEST não diminuía a vontade de continuar aprendendo. Então, depois de alguns anos, com um curso de secretariado, um emprego estável e uma vida encaminhada, eu tinha aquele fogo acesso em mim, sem conseguir contê-lo.


Aí surgem ainda outras culpadas. A amiga do ensino médio que promete nunca te deixar em paz enquanto você não começar a faculdade. A outra que já passou na FUVEST e te incentiva a tentar também. A que (ainda) não fez uma, mas te dá o maior apoio. A psicóloga que te faz tirar uma foto do comprovante de inscrição pra provar que você REALMENTE se inscreveu. Os amigos que te ajudam a estudar. A bibliotecária que separa todos os livros de literatura. Os pais que te levam pra prova. As colegas de trabalho que torcem por você. O irmão que te manda uma mensagem (bem humorada) de conforto. A cunhada que também vai voltar a estudar.


Transformei tudo que poderia parecer cobrança em incentivo e torcida, em palavras de apoio. E fui fazer a maratona de 4 provas - 1 na 1ª fase e 3 na 2ª. E não esperava passar na primeira chamada. Talvez nem na primeira vez que tentasse a FUVEST - já que fui reprovada duas vezes antes de passar na prova do DETRAN. Mas passei.


Passei pra descobrir que eu nunca tinha sonhado em passar na FUVEST. Não. Eu sonhei (e continuo sonhando) em aprender cada vez mais, aumentar meu conhecimento. Quando comecei essa jornada, eu me dei conta que tinha dado o primeiro passo, e não importava mais se eu conseguiria ou não, na primeira vez ou nas outras, na USP ou em qualquer outra Faculdade, eu iria voltar a estudar, porque era  isso que eu queria. E capaz de perceber que não tinha mais volta, eu fui presenteada com uma vaga onde eu queria, do jeito que eu queria.


Se tivesse prestado esse vestibular antes, talvez não tivesse conseguido tão fácil (foi relativamente fácil se pensarmos que eu quase não estudei, e terminei o ensino médio há uns bons anos), e provavelmente desistisse depois do primeiro fracasso. Mas eu estava mais motivada que nunca, e tudo deu certo.


Eu gostaria de escrever mais um milhão de linhas pra agradecer a cada um, por nome, por tudo que fizeram e continuarão a fazer por mim. Eu diria que a gratidão que eu sinto não pode ser expressa em palavras, mas acredito que essas tais palavras até que conseguem expressar muita coisa - talvez por isso goste tanto delas...


Pra quem acha que acabou, aviso que só começou. Como disse uma das mais recentes "culpadas", é mais fácil entrar que sair da Universidade. Eu só dei o primeiro passo. Mas "uma longa viagem começa com um único passo". - LaoTsé







"A long long way to find the one
We'll keep on dancing till she comes
These dreams are forever
Oh these dreams are forever
And if you wanna wake the sun
Just keep on marching to the drums
These dreams are forever
Oh these dreams are forever"

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Foi-se a Tristeza

A tristeza foi embora
Fez suas malas e partiu
Para onde foi agora
Se ela falou, não ouvi

Quando a tristeza se foi
O coração se esvaziou
A mente, enfim, vagueou
A ferida agora já não dói

O céu se enche de cores
Flores nascem no jardim
A vida voltou, enfim
Voltaram os meus amores

Ao partir, a tristeza
Levou consigo a saudade
Renovou-se a promessa
De voltar a felicidade


Você nunca sabe

Você nunca sabe:
Se é uma coisa boa ou ruim;
Se é começo, meio, ou fim;
Se é 'não', 'talvez', 'ou sim'.
Você nunca sabe, enfim.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Vinicius de Moraes