Vejo sempre um dupla (não casal) de irmãos no ônibus que eu pego. Dou pro menino algo entre 13 e 14 anos, e a menina não mais que 10. O irmão faz pouco caso da irmã. Ela sempre se atrapalha com o bilhete único (não consegue achá-lo) e com a mochila de rodinhas. Ele não a ajuda em nada. Não sei, mas tenho pra mim que, se fosse possível, ele até a atrapalharia. Ele quase sempre senta. Ela, quase nunca. Eles parecem brigar por todo e qualquer motivo.
Quando olho pra eles, quase instantâneamente me lembro do meu irmão (guardando as devidas proporções, é claro). O que o meu irmão não sabe é que eu lembro disso com uma espécie de gratidão. Irmãos que não nos protegem a todo instante, que não nos mimam, estão na verdade nos treinando pra vida, nos preparando pro mundo lá fora. Aprendemos a nos virar sozinhas. Tornamo-nos auto-suficientes. Sabemos lidar com adversidades. E mais importante, não dependemos da ajuda de outros - nem esperamos por isso.
Sinto empatia por aquela menina, com certeza. Tenho vontade de, sem que o irmão veja, sussurrar no ouvido dela: "Já passei por isso. Acredite: um dia você vai agradecê-lo por tudo."
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