Eu tinha 11 anos. Eu tinha 11 anos e um irmão 4 anos mais velho. Eu tinha 11 anos, um irmão 4 anos mais velho, e estava mudando de escola. Eu tinha 11 anos. Não é fácil ser adolescente. Aliás, dizer que não é fácil é eufemismo. Ser adolescente é duro. Insuportável. Angustiante. E estamos falando não de 1, mas 2 adolescentes de sexos diferentes habitando uma mesma casa - e um mesmo quarto. Como sobrevivemos?! Como hoje somos amigos de viajar juntos, eu passar o fim-de-semana na casa dele e ele voltar pra cá de vez em quando?! Como hoje temos o maior respeito e admiração um pelo outro?! Não posso atribuir tudo isso a uma banda. Não posso dizer que uma banda de rock foi responsável pelos laços que nos unem (lindo isso, não?!). Isso é graças a formação familiar que tivemos, a nossa educação, o ambiente em que fomos criados. Mas posso garantir que uma banda de rock facilitou nossa convivência durante a - tenebrosa - adolescência.
Eu tinha 11 anos quando fui apresentada ao Red Hot Chili Peppers. Eu ouvia Sandy & Júnior, Britney Spears e Band FM. Meu irmão trouxe 2 albuns do Red Hot - pelo menos é assim que eu me lembro. Havia uma energia naquela música, uma vibração, qualquer coisa que nos atinge fatalmente e então ficamos perplexos. Não foi gradativo. Não foi aos poucos. Foi instantâneo. Difícil explicar esse tipo de coisa. Mas é fácil dizer as consequências disso.
Não deixamos de ser irmãos adolescentes por isso. Eu não deixei de ouvir Britney Spears e POP em geral. Mas quando o Fantástico abriu uma votação para qual clipe iria passar no final, se o novo do Red Hot ou o novo do Sandy & Junior, eu torci para que o Red Hot ganhasse - e assim foi. Isso porque eu ainda gostava de Sandy & Junior na época. Quando eles tocaram no Rock In Rio 2000, eu fiquei a madrugada acordada com meu irmão, lançando pragas no Márcio Garcia por falar durante o Show (pelo jeito não fomos só nós, esse aí não conseguiu ser galã nem de novela da Glória Perez, que até o sem-expressão Murilo Benício consegue). Em 2002, mais precisamente no dia 12 de Outubro, que foi um sábado (certas coisas nessa vida marcam, ok?!), eu me senti um pouco lá com meu irmão quando os Chili Peppers tocaram no Pacaembu. Eu também amaldiçoei toda a rádio 89fm, que agora virou um sei-lá-o-quê mas na época era a rádio rock, por não transmitir o show direito.
Não ouço as mesmas músicas que meu irmão. E ele com certeza não curte metade do que curto. Mas atravessamos nossas adolescências ouvindo CDs inteiros, assistindo a programas, gravando videoclipes (fita VHS, lembra?! ok!, sou velha), comprando revistas, tudo por uma banda. Eu realmente não posso dizer que se não fosse o Red Hot, não seriamos tão unidos. Mas posso garantir que teria sido muito (mas muito mesmo) mais difícl.
Um comentário:
ai ana!!!! foi lindo esse post...é legal (e bom!) saber q compartilhamos com os amigos sensações tão parecidas (e olha q nem nos conhecíamos!) como ouvir Chili Peppers pela 1ª vez!!!! eu ouvi give it away....e foi tão maravilhoso que eu cheguei em casa e juá fui logo ligando na 89, colocando minha fita cassete no gravador e esperando por ela de novo...bons tempos akeles...hj em dia, se perder o pen drive, f*deu! bjo!!!
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