terça-feira, 30 de agosto de 2011

Um Devaneio

A avenida sempre movimentada ficou deserta, e eu senti vontade de atravessá-la, sem motivo algum. Veja bem, não havia necessidade alguma de fazer isso, afinal, do lado que eu estava passaria o ônibus que me levaria pra casa, e por dedução, o ônibus do outro lado me levaria pra mais longe dela... Mas não era uma necessidade o que eu sentia, e sim um desejo. Eu só não queria ficar parada naquele ponto sozinha, enquanto o vento gelado rasgava o calor que aquela blusa leve tentava manter... 
E esse mesmo vento me fazia imaginar coisas, como se eu fosse tão leve como a blusa que me cobria, ele me levaria para o meio da avenida, justamente no momento em que um carro viria em alta velocidade e não haveria como evitar um acidente fatal. Eu sei, muito dramático. "Você pesa um pouco nas tintas", me diria um pintor mais experiente, mas é justamente a experiência que me separa dele, e enquanto jovem e imatura eu provavelmente serei mais dramática e melancólica...
Bom, isso é só uma abstração, como ela diria. Eu tenho muitas dessas durante o dia, mais do que gostaria ter. Uma abstração é um pensamento ruim, não como alguns dizem sobre pensamentos ruins, que nada mais são que as verdades que você deve descobrir por si só, mas muitos não querem que você descubra... Uma abstração é um pensamento ruim porque é sempre banal e muitas vezes pode ser prejudicial - pelo menos é assim comigo...
Eu só queria um lixo pra por o papel da bala que agora está na minha boca (a bala, não o papel), mas não há nenhum por perto, porque muito provavelmente vândalos acabaram com os (poucos) lixos próximos... Vândalos devem ter muitas abstrações, isto é, se eles pensarem em alguma coisa. É estranho pensar nisso, mas se eu tenho tantas abstrações enquanto conheço alguns que nunca as têm (não que eu os tenha perguntado, mas isso é algo que você percebe nas pessoas, se elas se abstraem ou não), talvez seja possível que algumas pessoas no mundo nunca pensem - nem pro bem, nem pro mal. Mas a verdade é que eu não quero pensar em vândalos que não pensam enquanto estiver numa avenida mal-iluminada numa noite escura e gelada, sozinha no ponto de ônibus. 
Você já olhou pras casas nas ruas e se perguntou como são os lares? Veja bem, são coisas distintas. Casas, apesar de muito diferentes, são muito iguais. São compostas por cômodos, um pra se cozinhar, outro pra se lavar e um outro pra dormir, e tantos outros quantos possíveis, não necessariamente necessários, mas se você tem espaço, por que não? Sempre arranjamos utilidade pras coisas, mesmo as inúteis. É da nossa natureza isso.
Mas eu falava sobre lares, e embora lhe digam que são todos iguais, bem, esses são realmente muito diferentes uns dos outros. Mesmo que a formação familiar seja a mesma, as pessoas que o formam são muito diferentes. Eu olhava para o terraço de um apartamento, e me perguntava se aquilo próximo à porta de vidro era um violão, e se quem o tocava era uma garota de cabelos compridos e levemente ondulados, talvez meio loiros, e  se ela gosta das baladas românticas de antigamente, mas finge gostar das músicas pop atuais, por medo de não ter amigos se não for dessa forma. Veja só que mundo injusto, ela ainda terá que suportar muita coisa até descobrir que os verdadeiros amigos gostarão dela indepentemente do tipo de música que ela gostar, ou talvez seja isso mesmo que eles mais gostem nela... Mas ela ainda não sabe disso.
Bom, mas eu agora saio desse devaneio, porque o ônibus chegou, o vento não me levou para o meio da avenida pra me matar, nenhum vândalo sem pensamento apareceu para destruir lixos ou telefones públicos e  aquela garota (que teria um dos meus nomes favoritos - Sofia, Alice ou Poliana) não apareceu no terraço com seu violão para tocar uma antiga balada romântica. Eu a entendo. O vento gelado estava de cortar o coração.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Alma não precisa de Ômega 3

As noites de insônia, em pleno verão que aprisiona a cidade na onda de calor, não costumam ser profícuas. Ao contrário, geralmente estendem-se lânguidas e vagarosas sobre a cama do estio, fitando o céu sem estrelas, à espera do dia seguinte. Há certas noites, como a de hoje, por exemplo, quando me sento para escrever a crônica, em que tudo é silêncio. Não há vento e a cidade parece ressentir-se do calor extremo. Não há nada, nem ninguém nas ruas. Na varanda, olho os mistérios do cosmo e penso no quão facilmente nos esquecemos de que nosso velho planeta não ocupa o centro dele.


Como se a razão entendesse Copérnico, mas a emoção continuasse rendida ao geocentrismo de Ptolomeu. Enfim, divagações solitárias madrugada adentro, frutos de uma mente que não consegue operar as inúmeras funções necessárias para que simplesmente eu consiga adormecer.


Deixei as estrelas e vim para o computador, onde naveguei um pouco, atrás da inspiração para a crônica. Buscando a palavra, a história ou a saudade que me tome pela mão e me leve ao mundo das palavras. Visitei alguns poetas de que gosto, outros que conheço pouco e que ainda quero conhecer. Deveríamos todos ler um poema por dia. As escolas deveriam iniciar seus trabalhos com um poema antes da maratona de aulas. Faz bem ao coração. Durante anos alimentei a fantasia de que as cidades deveriam operar emergências poéticas. Estabelecimentos que nos devolvessem a capacidade de sonhar e adivinhar novos mundos, e que existiriam em cada bairro, abertos noite e dia, devolvendo humanidade aos pacientes. Na falta desta utopia, a internet é uma boa opção para quem, como eu, gosta de visitar a poesia regularmente.


Enfim, já tarde, bem tarde, acabei visitando Christina Rossetti, poetisa romântica inglesa que nos deixou uma obra delicada, de devoção e entrega. Rossetti foi deixada de lado pela onda modernista, mas na décadade 70, o feminismo a trouxe de volta ao panteão das letras. Cometi a heresia de traduzir um soneto dela, porque senti vontade de dividi-lo com vocês e porque trabalhar me ajuda a atravessar a noite, sem a desagradável sensação de ser o único ser acordado na cidade. A tradução não é grande coisa, mas a intenção é das melhores. De modo que a última página de hoje, para os leitores, encerra-se com poesia e, nos dias que correm, acreditem, a poesia é tão importante como o ômega 3. O corpo vai deteriorar-se mais cedo ou mais tarde, mas as centelhas de inspiração avançam pelo tempo, como a luz acesa pelo poeta. Ao soneto, então:


Aqui pensando, em tudo o que perdi,
No que teria sido e jamais será,
Tua excelência vem me assegurar,
Que não sou merecedora de ti.

A mágoa é minha, que teimo em cair,
Que teimo em morrer, que teimo em deitar,
Querendo encolher, querendo chorar
Fitando a parede pra não mais fugir

E ainda assim, porque há esperança,
Rasgando a noite, o amor avança
E luta até que amanheça o dia,
Quando, enfim, esgotada, entrego o poder
E assisto a meu coração florescer,
Pronta a aceitar que por ti morreria.
Miguel Falabella é ator, diretor, dramaturgo e autor de novelas

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Versos Íntimos - Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

 

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para Maria da Graça (Paulo Mendes Campos)

Agora que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no país das Maravilhas.


Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.


Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade. A realidade, Maria, é louca.


Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: “Fala a verdade, Dinah, já comeste um morcego?”.


Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.


A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.


Somos todos bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.


Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.


A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu? “.


Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! Mas quem ganhou?” É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem  venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhastes.


Disse o ratinho: “Minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance é só o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.


Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mais devagar, muito devagar.  Quero dizer seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.


E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte: É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom humor.


Toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.


Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.


Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sã Loucura

Acordou sentindo-se diferente, com um gosto diferente na boca. Talvez o "acre" que Drummond tanto falasse... Não sabia do que se tratava, porém. Ressaca não era, pois não bebia. Indigestão muito menos, pois sentia-se ótima, sem enjoos ou cólicas. Um pouco cansada sim, dormira mal a última noite, mas noites mal-dormidas não deixam gostos estranhos na boca, até onde ela sabia. Enfim, não soubera explicar o que sentia, logo não era nada. Mas era. Aquilo a incomodava. Não conseguir definir o que sentia era não saber a solução pro seu problema, ou pelo menos por onde começar a procurar. Sair de casa com uma inquietação dessa em plena segunda-feira não era nada fácil. Desejou na hora ser fanática por horóscopo, assim ligaria pro escritório e avisaria não ser possível ir hoje ao serviço, "porque os astros assim a aconselhavam". Mas não faria isso, nunca conseguiria enganar alguém. "Você é muito honesta", comentou uma amiga, de forma banal, e mais como um elogio que qualquer outra coisa. Mas soava como uma aguilhoada no peito, como se lhe mostrassem sua pior face. Era honesta demais, sincera demais. Era em nada misteriosa, sinuosa, esperta. Era tão honesta que não saberia fingir estar bem, nem fingir estar mal por um motivo qualquer que fosse plausível, bom, justo, real. Como explicar a outros que acordara sentindo um gosto diferente na boca, e isso lhe causava mal-estar? Loucura em pessoas sãs tem limites, mas isso era ultrapassá-los todos, ela bem sabia disso. Então era isso: ela enlouquecera, pura e simplesmente, da noite pro dia, enquanto dormia. Por isso o gosto estranho - deve ser diferente o gosto da boca dos loucos. Isso era um começo. Ela era honesta demais pra fingir loucura. Se sentia-se louca é porque realmente o era. Não conseguiria viver mais entre os sãos, pois não saberia fingir ser como eles. contaria segredos que lhe foram confiados, diria verdades inconvenientes, falaria coisas que fariam sentido só pra si mesma. Tornaria-se insuportável. Era isso, o começo. O gosto que sentia no fundo da boca, entalado na garganta, nunca conseguiria fingir aquilo. Aquilo era real pra ela, sua nova realidade, sua nova vida. Respirou fundo. Ligaria pro escritório. Enquanto ouvia o telefone chamando, podia ver um sapato preto de salto alto e bico fino, andando até o aparelho. Podia ouví-los - clac, clac, clac. Um "alô" ressoou em sua mente, fez eco. Empalideceu, se perdeu. Só conseguiu dizer uma palavra: 
- Enlouqueci.

Tamanho

Prédios altos
Pra homens baixos


Carros grandes
Pra homens pequenos


Tentando compensar
Naquilo que tem
O que não são

Chá Doce e o Nosso Comportamento

Acabei de tomar um chá doce. Um chá tão doce, mas tão insuportavelmente doce, que vislumbrei (porque não me atrevo a dizer que experimentei) o sufoco sentido por uma amiga ao fazer um teste de curva glicêmica (um pequeno parenteses aqui para explicar que isso é um exame para medir as alterações dos níveis de glicose - açúcar - no sangue. Um exame para diagnosticar Diabetes ou o contrário dela). E porque eu estou falando sobre chás doces ou exames de diabetes, ainda mais nesse blog, que costuma ser mais reflexivo que os meus outros?
Well, well, eu amo doce. E exageros também. Tanto que a minha mãe diz que o que eu faço ou é BEM doce ou BEM salgado, BEM quente ou BEM gelado. E mesmo assim, eu não suportei esse chá, de tão melado (é como as meninas aqui da secretaria se referem ao que é muito doce) que estava. Esse chá ultrapassou o limite aceitável, até pra quem tem parâmetros tortos, como eu. 
E o mesmo ocorre com as pessoas. Tem gente que é tão doce que enjoa. Tem gente que é tão azeda que faz a gente por a língua pra fora. Tem gente que é tão amarga que a gente faz até careta. Tem gente que é tão salgada que a gente até cospe. Ninguém que é só "um sabor" é agradável, ainda mais quando o é em exagero.
Acho até que ninguém seja realmente só "um sabor". Impossível não ser azeda quando o dia conspira contra você (e acredite, esses dias existem). Impossível também não ser salgada na hora de lutar pelo que acredita. Ou não ser doce quando está junto de quem te ama - e você ama em reciprocidade. Amargo é um sabor que eu acho que dá pra passar sem - mas não garanto.
Ou seja: seja feliz quando tiver que ser, seja alegre, amoroso, "doce" quando sentir vontade. Não seja sempre, se não a gente enjoa.

A Escrita

No começo era um traço
Mas do traço fez-se letra
E da letra fez-se sílaba
E da sílaba, palavra
E foi assim feita a escrita

E a escrita fez-se presente
Em momentos tristes e alegres
Nas mais diversas situações
Com os mais variados temas
Pois a escrita vem dos sentimentos

E tem o poder de nos levar a eles
E é capaz de resumir pensamentos
Consegue descrever sensações
Nos leva pra outros mundos
Nos transporta pra outros tempos

Nos guarda, nos preserva,
Apresenta-nos os que já se foram
Lembra-nos do que já passou
E assim também o fará
Com quem um dia ler sobre nós

E a escrita assim nos explica
De alguma forma nos desmistifica
Faz-nos mais humanos, ainda que escritores
Faz-nos escritores, ainda que humanos.

Poema da Dor [2]

Chorei, gargalhei
Lavei a alma
Sofri, me irritei
Pra ficar calma

Confesso

Posso confessar?! Meus rascunhos de posts têm nome. Um mais engraçado que o outro. Um mais sem noção que o outro. Um mais confuso que o outro. E eu não lembro do porque dei esses nomes a eles. E eu nem lembro o conteúdo dos rascunhos. E quando abro, percebo que os títulos não são confusos. Os rascunhos que são. Confusos, "sem-noção", engraçados, tudo misturado.


Então me dou conta que não são os rascunhos. Eu sou assim. Confusa, sem noção, engraçada... ácida, temperamental, volátil... Talvez por isso me divida em 4 blogs + Twitter + Facebook. E talvez por isso ache que nem assim sou completamente honesta. Muitas facetas que não cabem em uma face. Muitas 'Anas' que não cabem aqui. Muitos "Eus" que não cabem em mim - essa última parte não parece um poema?!


Esse post foi uma mistura de 3 blogs meus: o reflexivo, o irônico e o artístico. Pra terminar esse post muito confuso, nada engraçado e totalmente sem noção, o blog que faltava: o de inspirações.




Off with your head
Dance until you're dead
Heads will roll
Heads will roll
Heads will roll


On the floor







domingo, 7 de agosto de 2011

Comentando o Clipe: Dream Theater - Lie

Sem porque dessa vez.







Sabe quando a câmera avança rapidamente e vai mostrando cada um dos integrantes de cada vez, repetidas vezes?! Não sabe?! Só assistir esse clipe que você vai saber. E achar um porre. Eu achei um porre. E vou dizer isso um zilhão de vezes, pois eles utilizaram esse recurso um zilhão de vezes. E em todas as vezes é um porre dos bem grandes.


Vamos comentar do James 'Patrícia" LaBrie?! Gente, que voz de macho nervoso nesse começo, hein?! Que evolução! E a cara?! Óbvio que ajuda o vídeo não ser ao vivo, assim não parece que ele tá cagando com o intestino preso ao cantar... Ele pode fazer cara de mau enquanto canta, porque na verdade ele não canta, só dubla a própria voz - e que voz!!! Auto-tune será?!


Pára tudo!!!! Japonesa tocando baixo?! Que amor, que paixão, que delícia!!! Junta 3 coisas que eu amo: mulher + japonês + baixo; isso é muito amor pra vida inteira... Vai competir de igual pra igual com o guitarrista gatinho da banda no posto de favorito(a). AMOR....


Preciso confessar que achei o James Patrícia parecido com o Morrissey em alguns momentos, só que com o cabelo da Joelma... O que não podemos deixar de notar que é um GRANDE avanço na vida dessa pessoa, como se fosse a evolução de uma bactéria pra um humano chato - já que a Patrícia faz comercial de Actívia que contem DanRegulares, que nada mais são que... bactérias. E bem, o Morrissey é um baita de um chato cantor chato. É um avanço pelo menos - e um retrocesso também, pelo cabelo de Joelma, já que Patrícia > Joelma na minha escala de pessoas sem importância na minha vida (Patrícia pelo menos tem um programa legalzinho na TV paga, apesar da má interpretação em novelas da Record e comerciais tenebrosos sobre assuntos complicados como prisão de ventre, por exemplo).


Outra coisa: ele tem mais cara de homem que o Morrissey, que tem mais cara de homem que uma mulher, e a Patrícia é uma mulher. Logo, deixarei de chamá-lo só de Patrícia para chamá-lo pelo nome composto de James Patrícia. Espero que ele goste, pois eu não costumo abrir exceções nos meus apelidos, vide o guitarrista gatinho, que embora seja gatinho e o Renan já ter me dito o nome dele uma par de vezes, nunca deixará de ser o guitarrista gatinho, porque ele é aleatório demais na minha vida pra eu decorar o nome dele - o mesmo se aplica à baixista japonesa.


Voltando ao clipe - não é um saco eles ficarem repetindo esse efeito de filmar cada um de uma vez rapidamente?! - voltamos a voz fina que James Patrícia não consegue manter com dignidade. Num Show, por exemplo, estaríamos vendo as caretas de quem não vai ao banheiro faz... uma semana?! Sei lá, eu não tenho esse tipo de problema, e nem preciso tomar iogurte regulador pra isso...


Baixista japonesa me lembrou uma oriental que pegava (ou pega ainda, sei lá, nunca mais vi...) ônibus no Terminal Lapa, que ficava de caso com um cobrador feio pra caramba, e ele ainda parecia nem ligar muito pra ela... Triste isso, mas eu achava muito engraçado... Eu sei, sou má...


Temos minha parte favorita do clipe, que é quando todos estão no túnel que liga a Matarazzo com a... sei lá, a parte de baixo do Elevado Costa e Silva. Eles estão lá, e James Patrícia está bem no meio da faixa, pra ver quem o atropela primeiro: o ônibus indo pra Praça Ramos ou o vindo pro Terminal (e eu me pergunto se seria possível os dois o atropelarem ao mesmo tempo). Infelizmente isso não acontece - ai, que bagulho chato essa câmera focalizando cada um rapidamente, sério mesmo.


E agora temos um solinho de guitarra virtuoso e sensaciozzzzzronc. Falo mesmo, não é porque é o guitarrista gatinho que eu vou gostar de solo de guitarra. Sei separar as coisas.


Agora estamos em um local de São Paulo que não parece São Paulo porque não deve ser mesmo está deserto demais e começa a chatice da câmera rápida em sequência. E o James Patrícia de costas só pra virar pra câmera e jogar o cabelo feito a Joelma?! Faz isso de novo em algum clipe/show/vídeo que eu te rebaixo pra James Joelma Patrícia num instante... Não brinca comigo, eu ainda não aprendi a gostar de você...


"I won't, I swear I won't" Não vai fazer o que James Patrícia?! Tomar Actívia?! Trocar de profissão?! Se jogar na frente do ônibus?! Fiquei curiosa agora...


Acabou - ALELUIA! Não sem antes uma sequência chatíssima de cada um rapidamente.




Cadê o tecladista que o Renan tanto fala?! E aliás, o Renan não gosta mesmo de mim, em vez de me apresentar o Teatro Mágico Dream Theater com um clipe maneirinho como esse, ele sempre me mostra uns vídeos de shows monstruosamente grandes onde a Patrícia (James Joelma) tem aquela cara de entupida e canta mal pra caramba... Mas tudo bem, hoje eu descobri que ele não gosta mesmo de mim, ele me traiu, me matou e me zoou. Acho que não vou mais ser amiga dele...


sábado, 6 de agosto de 2011

Comentando o estilo (a.k.a. roupas) do Clipe - Mr. Big

Porque eu não reparei em mais nada do clipe.









Então, houve uma época nesse universo que a moda era usar o cabelo armado e parecendo crespo. E bandas de rock seguiam essa moda. O baixista por óbvia falta de opção (o cabelo dele é ruim mesmo),  o vocalista porque todo "frontman" tem que ter sua excentricidade, ainda mais no cabelo (né Anthony?!), o guitarrista não sei porque (:P pra ele), mas o baterista?!?! WTF?!?!?! O melhor cabelo da banda adere ao corte Chitãozinho e Xororó por qual motivo?! Alguém me explica?!


Eu não ia fazer um post sobre isso, só um comentário banal no twitter em algum momento dessa vida, mas quando a pessoa repete em dois clipes  O ERRO, eu me sinto na obrigação de escrever isso num lugar mais sério ahsuahusahusauhsash, tá de brinks que esse blog é sério. UMA. GUITARRA. COM. FRANJAS. Eu não vou comentar nada sobre a guitarra ser rosa, em algum momento do clipe o baixo será rosa e eu não quero aloprar (muito) o baixista, até porque eu também curto rosa e esse negócio de cor de menina, blá blá blá, cansa. MAS FRANJAS?! Really?! Franjas, do tipo que eu tenho vergonha de ter nas minhas roupas, ele põe na guitarra?! Paul Gilbert, estou fazendo um esforço sério para gostar de você, mas você não ajuda...


Só pra continuar no Paul, e as roupas?! Como lidar?! No começo eram só os casacos/blazers/não-sei-o-nome-certo que eram ridículos extravagantes. Não contente com isso, dessa vez ele me vem com o kit completo: calça + 'a peça de cima' em algo que eu não sei explicar com o que se parece, só sei que é feio (demais).


É um brinco de brilhantes na orelha do Eric?! Eric, não curto essas paradas de homem usando brinco. Tira isso (e me dá se valer uma grana) que eu caso com você - quando você me pedir em casamento, obviamente.


Peraí que ele vai abrir a camisa... Alarme falso...


O Eric faz a sobrancelha?! Me bateu essa dúvida agora, ela é tão perfeitinha, não creio que homens além de nascerem com cabelos lindos (que eles fazem questão de estragar num corte de cabelo horroroso + falta de lavar + falta de pentear) ainda tem a sobrancelha delineada naturalmente.


O que nos leva a possibilidade de ele tirar a sobrancelha, o que é considerado "gay" atualmente, e creio que muito mais naquela época. Eric, deixa de ser tão "gay" que eu caso com você - mas pra isso você precisa me pedir em casamento antes, é claro.


Por instantes achei que a camiseta do baterista era uma regata com gola, mas Deus é bom e eu estava errada. Ufa!!! É só uma regata branca comum.


SÃO. NOTAS. DE. DÓLAR. IMPRESSO. NO. "CONJUNTO". DO. GUITARRISTA. O meu remédio pras crises fica em cima da geladeira, alguém pega pra mim por favor?!


Bom, crise superada, Eric fala umas coisas desconexas e me chama com a mãozinha: "Let's go home, baby". Assim não querido, já falei que antes você tem que pedir minha mão em casamento pro meu pai - estou esperando.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vivendo e aprendendo - ou não.

E quando eu pensei que o momento em que eu me sentiria mais burra fosse na prova de direção, vem a vida (essa linda), e me mostra que ela ainda vai me chamar de burra muitas vezes ainda...


Na academia, por exemplo. Qual é a dificuldade de se fazer academia?! Esteiras, Bicicletas, aparelhos de tortura chinesa ginástica, dividindo harmoniosamente o espaço com colchonetes azuis da escola e uma parede de espelhos (gente, que fixação é essa com espelhos?! É no teto de quarto de motel, é cobrindo paredes de academias de ginástica/dança, é em qualquer banheiro, é no carro... meu Deus!). Né?! Não é?! Não, não é.


20 minutos de bicicleta. Ah! Qual é, todo mundo pedala pelo menos uma hora, numa boa... 20 minutos depois, eu vejo duas pernas curtas e gordas grossas, mas elas não respondem a nenhum comando do meu cérebro, elas só ficam pedalando e pedalando e pedalando...


30 minutos de esteira. Eu ando mais que isso sossegadamente. Mas não numa subida. E nem a 3,5 quilômetros por hora. Quer dizer, eu não sou ninja de saber minha velocidade média andando, mas tenho certeza que não é 3,5 quilômetro por hora. Porque hoje eu só faltei me jogar no chão após 20 - e não 30 - de esteira. Aí eu parei e fui beber água, mas o meu cérebro já mostrava sinais de deficiência e eu não conseguia apertar o botão do bebedouro... Uma tia me ajudou - Thanks tia. Voltei pra esteira pra fazer mais 10 minutos e... morri.


Antes tivesse morrido. Na verdade, só deitei num colchonete azulzinho pra sessão de tortura chinesa... 60 abdominais, em 3x de 20... Hahahahahahaha!!! Não conseguia contar além do 6, meu cérebro não conseguia contar, impulsionar meu corpo pra frente e administrar a dor ao mesmo tempo... Simplesmente não conseguia... Eu me concentrava nos dois últimos, e por isso devo ter feito umas 90 abdominais - que não devem valer nem 10 de tão "nas coxas" que foram feitas.


Depois um outro exercício que deve ter um nome digno, mas ela não me falou, eu não perguntei e agora não me darei ao trabalho de procurar no google pra por aqui. Mas vou descrevê-lo - pessoas cardíacas (peraí, pensei que cardíaco fosse tudo relacionado ao coração e se todo mundo tem coração... Ah! Ana, para de ser tão chata, por favor?! Obrigada), sensíveis e grávidas (é isso mesmo?!), não leiam o restante do post (não leiam o blog todo e façam um GRANDE favor a si mesmos).


Mãos embaixo do traseiro (bunda, bumbum, nádegas, glúteos, como queiram chamar essa parte do corpo), junte as pernas flexionadas ao corpo - lembre-se, você está deitada(o) - e depois estique-as o máximo que puder, mas sem encostar no chão. Fácil né?! O @#$%&* que é fácil!!! Eu quase chorei nessa hora... Eu olhava pro teto (pensa), olhava pros colchonetes empilhados do meu lado (PENSA), só não olhava pros espelhos pra não ter uma crise de choro/riso (PENSA, ou melhor, NÃO PENSA).


Terminada a aula, a professora diz: "você só está um pouco enferrujada, daqui 3  meses você vai rir de tudo isso!". Ou seja:  3 meses pra eu me recuperar da dor e conseguir dar risada - vai vendo.



E não tem nada a ver com o post,  mas como o blog é meu e eu estou mal, essa música vai me fazer bem.





quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pinturas

A gente se pinta muito mais vivo e certo do que realmente é.
A gente pinta o outro muita mais pálido e errado do que ele é realmente.
A gente pinta o mundo à nossa maneira, do nosso gosto.
A gente pinta.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Green-Tinted Sixties Mind - Mr. Big







She just woke up, but she's still tired
Is that the telephone ringing ?
The curtains can't hold back the light
That's reaching into her dreams
Down in her heart
If it had fingers, it'll be tearing it apart

You'll be lookin' groovy
In a sixties movie
Maybe tell the press you died
Little legend baby
Try your very best to hide
A green-tinted sixties mind

She keeps some memories locked away
But they are always escaping
Neglect won't make them fade away
They're reaching into her dreams
Down in her heart
Don't need fingers to be tearing it apart

Gotta face the day
There is no other way
To clear the fog inside your mind
Fill it up with dreams
But all that she can seem to find
A green-tinted sixties mind

Hangin' out with Janis
Movin' to Atlantis
Could've made it if you tried
What's the point of force?
It's easy as a horse to ride
A green-tinted sixties mind

You'll be looking groovy
In a sixties movie
Maybe tell the press you died
Little legend baby
Try your very best to hide
A green-tinted sixties mind
- You can't hide -