sexta-feira, 3 de junho de 2011

VIDA NORMAL

Hoje é dia de: VIDA NORMAL! Sim, é um bocado esquisito falar isso, mas deixe-me explicar:


Comecei a fazer aplicação. O que é "aplicação"?! Dessa vez eu não vou mandar jogar no google. Quem tem vasinhos - varizes bem pequenininhas e fininhas - faz "aplicação" de um líquido na veia para "secá-la". É isso.


Fiz a primeira dia 23 de maio. Mas passei em consulta com a vascular dia 9. E ao perguntar sobre como era e tals, eu perguntei se tinha alguma preparação antes e depois da aplicação. Ela me explicou que não nenhuma, que eu deveria levar a minha vida normalmente. Inclusive citou que ela já fez plantão no mesmo dia que fez uma aplicação (nesse caso, nela mesma). A médica achou que eu queria atestado pra ficar em casa... Logo eu, que já vim trabalhar tendo um atestado de 3 dias na mão (sim, eu fiz isso e não me arrependo. Eu não queria faltar ao trabalho, só queria uma injeção pra acabar com a dor do furúnculo. Eles me deram a injeção, eu vim trabalhar).


Ok. Fui fazer a primeira aplicação. A doutora atrasou horrores, mas eu agora sou viciada em Sudoku e nem me estressei com o atraso dela. Até fiquei fazendo sudoku enquanto ela aplicava o líquido nas minhas veias. Pra quem estiver curioso: eu não senti essa dor toda que o povo fala, só senti as agulhadas (porque o líquido de uma seringa dá pra mais de uma veia), mas né, também não grito na sala de depilação a cera quente e tem gente que só falta morrer na maca da depiladora. É a vida.


Aí chega a parte engraçada. Ela enrolou a atadura na minha perna, disse pra afrouxá-la depois de 2 horas, e pra tirar mesmo só depois de 24 horas da aplicação. Explicou que a atadura potencializa o efeito do líquido. Então ela falou: "você deve estar se perguntando sobre banho e essas coisas..." E eu realmente estava, se eu tirava a faixa pra tomar banho ou se enrolava a perna num saco plástico pra não molhar (eca! mas quem já usou gesso sabe como é isso...) A resposta: "tira a faixa pra tomar banho e depois coloca de novo." No caso eu coloquei outra porque aquela estava sujinha de sangue. A pérola vem agora: " E VIDA NORMAL, pode fazer tudo, não se preocupe..." Blábláblá. Ok Doutora, não vou pedir atestado, eu já entendi que é VIDA NORMAL. Ela repetiu tanto isso, que dava a impressão que eu achava impossível fazer qualquer coisa depois da aplicação. E não é bem assim.




Esse parágrafo é só pra explicar a única situação em que me vi impotente. Eu retirei 3 dentes do siso. O primeiro eu tirei quando já estava nascendo, ele me incomodou horrores, e quando saiu foi um alívio. E o dentista (do convênio) que o arrancou era tão bonzinho, educado, atencioso, e a enfermeira que trabalhava com ele era tão legal, que olha, eu fiz a extração na quarta a tarde e na quinta a noite já sai de casa e na sexta meio-dia já comi purê. Só que era caro extrair dente pelo convênio (R$ 150,00 na época) e lá vou eu tirar os outros dentes no Hospital do Servidor. Vou resumir essa parte - a história do açougueiro do IAMSP renderia um post. Eu fiquei uma semana em casa, do sofá pra cama, da cama pro sofá, só tomando danone e usando compressa fria. E o trauma. Vou precisar de uma anestesia geral pra extrair o siso restante - se for preciso.



Só que a médica estava errada. Eu não tive vida normal desde então. Saindo de lá, peguei ônibus pro serviço e... sentei no banco preferencial. Odeio sentar nesses bancos. ODEIO. Mas olha, a perna não estava doendo a ponto de eu pedir: "POR FAVOR ALGUÉM ME CEDE O LUGAR, PORQUE EU ESTOU MORRENDO!", mas também não estava aquela beleza de falar "não, de boa, vou em pé no buzão do centro até a USP", isso porque esse ônibus faz um tour pela zona sul antes de chegar na Cidade Universitária. E o banco dos idosos vagou. E nenhum idoso chegou (eu fiquei de olho). E eu fui sentadinha nele do centro até o trampo.


Saindo do trampo, dia de Psic. Indo pro ponto, vejo um ônibus familiar saindo dele: "É O TERMINAL LAPA!" Lá vou eu correr pra alcançar o bichinho (não façam isso crianças, é muito perigoso). Alcancei, cheguei cedo na Lapa, nem tanto na Psic. (culpa do outro ônibus, que demorou o dobro naquele dia). Saindo da Psic. pensei: "vou até o ponto do Vila Iara, não quero andar muito..." Quando estou me dirigindo até ele, o que está saindo dele?! Novamente eu corri como se não houvesse amanhã e consegui pegar o ônibus.


Uma coisa que eu esqueci de falar antes: era pra eu afrouxar a faixa depois de duas horas. Pois é. Ela já estava tão frouxa que soltou duas vezes antes da hora, e eu tive que arrumar. Então, na hora de afrouxar, não garanto que tenha afrouxado tanto assim não...


Cheguei em casa com a perna doendo. Lógico: correr pra pegar buzão (x2) + faixa meio apertada + VIDA NORMAL = é claro que estaria doendo. Mas essa, não era nem de longe a pior parte. A médica avisou que ficariam uns hematomas, pela minha pele ser bem branquinhas, e os vasos bem fininhos. Ela avisou errado. Não era pra dizer: "Vão ficar hematomas" e sim "Vai parecer uma perna gangrenada". Minha perna parecia meu braço quando um enfermeiro from hell quis mudar meu braço de tomar soro (e de tomar remédio na veia, de tirar sangue - pra essas coisas, sempre é o direito). Não vou me alongar no braço, escrevo (mais) um post só sobre ele depois. A minha perna ficou feia. E o que mais? "Não pode tomar sol enquanto não sairem todos os hematomas" = "Não pode tomar sol pelo resto de sua vida, Amém" (exagero meu aqui, ok, mas as hematomas ainda não sairam). Se uso saia, uso meia (grossa, porque vai que as fininhas não resolvem o problema?!).


E eu senti dor. Durante muito tempo, mas nada que me impedisse de ter uma VIDA NORMAL. Passo toda noite o gelzinho recomendado. E peço a Deus que um dia minha perna volte ao normal - já sei, para de drama Ana.


Hoje a tarde tem a segunda aplicação. E VIDA NORMAL.

2 comentários:

Ana Paula disse...

com acupuntura a gente resolve vasinho só com duas agulhas por sessão... shaushaus vou pensar 20 vezes caso um dia resolva fazer uma aplicação ;)

ACarla disse...

Sério mesmo?! Eu não sabia! Ai ai, se você morasse mais perto...