terça-feira, 29 de novembro de 2011

Tontura

O portão se moveu. Moveu-se como se estivesse imediatamente em cima de uma placa tectônica. Ele não tombou. Ele não girou. Ele se moveu, de lá pra cá, e no sentido inverso, de cá pra lá... E voltou ao seu lugar. Eu só queria um chá de pêssego bem quente. E até então, só sentia cólica. Mas depois que o portão se moveu, meu organismo resolveu acompanhá-lo. Então eu me movi, como se estivesse tentando me equilibrar sobre o magma quente, indo e voltando. Foi involuntário. Eu parecia bêbada. Bêbada com chá de pêssego que nem tinha bebido. Eu odeio pêssego. Eu estava fraca. Eu lembrei de Gabriel García Marquéz e seu "rastro de sangue pela neve". Era o sangue. Era a neve. Era um rastro. E eu tonta. Estava louca.

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