Vou a perfumaria comprar creme para o cabelo. Passo bem longe da parte dos esmaltes (tenho fé que consigo vencer alguns vícios). Olhando as prateleiras, vejo um frasco que me é familiar, embora não o tenha visto recentemente. Faz o que, uns 5 ou 6 anos que não uso esse creme. Por quê?! Não sei bem ao certo. O preço, talvez?! Um pouco mais caro que os mais comuns, talvez na época não coubesse no meu orçamento. Pego-o. Constato que ele encareceu um pouco - e depois de 5 anos, o que não ficou mais caro?! Mas as minhas condições - de estudante sustentada pelos pais a funcionária pública - aumentaram muito mais. Resolvo: vou levá-lo. Sou adepta das pequenas mudanças, então que mal faria trocar de creme um pouco?! "Será que ele ainda faz efeito no meu cabelo?!" Essa dúvida passa rapidamente pela minha cabeça, mas logo me distraio com outras coisas... Compro o creme, mas não o uso imediatamente. Primeiro vamos terminar o(s) que já está(ão) começado(s). E assim me esqueço dele por um tempo.
Não sou do tipo que toma banho logo cedo pela manhã. Aliás, me intriga a disposição de quem faz isso todo dia. Mas ontem a noite o sono (não cansaço, sono mesmo, sabe?!) me impediu de tomar banho. Logo, hoje cedo havia um zumbi embaixo do chuveiro. Opa!!! Acabou o creme pra cabelo! Corre procurar o que foi comprado. E assim saio de cabelo molhado ao vento, e venho trabalhar.
E que sono! Tame Impala me embala no meu sono durante o percurso, primeiro de lotação, depois de ônibus. Não que eles me deem sono, mas são ótimos pra relaxar... E assim, dentro do ônibus, começo a pegar os primeiros raios de sol no rosto... E quando estou quase pegando no sono, sinto o cheiro do creme. O perfume continua o mesmo de 6 anos atrás! E eu gostava desse cheiro... Ainda gosto.
Então eu sinto saudade... Mas saudade de que?! Do passado. Mas passado quando, onde, como, com quem?! E mais importante ainda: Saudade por quê?! Isso me agonia de uma forma tão grande, porque não existe um hiperlink que me leve pra uma história já vivida. Existe sim, um monte de imagens soltas, frases desconexas, o valor do creme, moedas. Mas era assim mesmo: rotina. Comprava-se o creme (quando o meu dinheiro dava pra isso) e usava-se. O cheiro é bom?! É. Mas havia um outro creme (esse de tratamento, com enxágue) cujo perfume é muito melhor, e eu já usei ele diversas vezes na vida e nunca me deu saudade.
Saudade de que então, meu Deus?! Saudade dela?! Ela tá logo ali, ela tá bem, tá casada, tá feliz, a gente tá se vendo, sinto saudade mas a vida continua. Ela tá bem, eu tô bem. Saudade de quê?! Da adolescência?! Olha, tá aí uma época que não me deixou saudade. Foi boa, mas podia ter sido melhor. E mesmo que tivesse sido, já foi. Sem apegos melodramáticos ao passado, ainda mais um passado tão generalizado.
Saudade, mas do quê?! Isso que dói. Você pode viver a vida inteira com saudade, contanto que saiba o motivo dela. Mas não há quem aguente não saber o que lhe faz falta. A pior saudade é aquela que a gente não sabe do que é.
2 comentários:
): sei exatamente como é, sentir saudades do "que nem se sabe o que exatamente"... já me disseram que isso é sintoma de quem não consegue fechar os ciclos da vida, mas sei lá, não sei se tenho vocação pra ser cíclica. um dia acho que vou tropeçar na razão das minhas saudades e poder guardá-la num potinho!
espero que o msm aconteça com vc Aninha!
Eu acredito que não posso tirar nada da minha vida, mas posso por cada coisa no seu devido lugar. Ou seja, não perco a saudade, mas também não deixo que ela tome conta de mim... Essa saudade do post foi pontual, não me lembrou ninguém em especial (fora uma amiga querida, mas que eu não sinto tanta saudade assim), nenhum momento, nada. Essas coisas passam, daqui a pouco eu esqueço... Mas achei que merecia um post.
; ) Beijo Ana!
Postar um comentário