domingo, 5 de fevereiro de 2012

"These dreams are forever"


"Oh these dreams are forever"


Passei na FUVEST. Difícil acreditar. Ainda. Quando eu vejo meu nome naquela lista, ainda não entendo plenamente o que significa. Vai ver porque sonhei muito com isso. E porque acreditei que sonhos não se realizavam. Nunca. Ou talvez seja porque achei que não daria certo. Que eu não conseguiria passar no vestibular mais concorrido do país. Que não conseguiria nem fazer a prova. Ou até a inscrição pra ela. Ou ainda porque pensava que não devia fazer faculdade. Que seria uma preocupação a mais. Que eu não tinha tempo, ânimo ou capacidade pra isso. Eu desisti muitas vezes antes de tentar. Eu cheguei a me inscrever uma vez e não prestar. Eu pensei todos esses anos em me inscrever novamente, mas nunca o fiz. Até ano passado.


O que mudou ano passado?! Nada. Tudo. Desejos devem ser como fogos. Alguns o tempo trata de apagar. Outros o tempo só aumenta. Esse o tempo aumentou. Ele passou anos escondido, mas sendo alimentado. Provavelmente a escolha da carreira seja algo que nem eu saiba explicar. Não fui eu que a escolhi - ela me escolheu. E disso eu não tenho dúvidas. Não acredito em destino, nem nada disso. Mas seria tolice minha dizer que eu não nasci com isso. Chamemos de genética, então.


E a primeira "culpada" (de tantas que apresentarei nesse texto) por isso é a minha mãe. Sem dúvidas. Se eu não tivesse nascido com isso, mesmo assim seria apaixonada pelas palavras, porque a minha mãe me ensinou a amá-las antes mesmo de saber lê-las ou escrevê-las. Cresci num lar cheio de amor e carinho - e livros. Paredes cheias. Meu pai (outro culpado) comprou todos que julgou necessário pros seus filhos. E a que vos escreve agora sentia uma leve inveja por seu irmão mais velho (culpado) já saber ler enquanto ela, com 4 (QUATRO!) anos não sabia. O que me fez entrar na escola já sabendo ler. QI alto?! Não. Altos estímulos, isso sim.


Depois disso, a lista de culpados só aumenta. Todas as professoras do José Barbosa (até algumas com quem não tive aula) me fizeram amar aprender, mostrando que conhecimento nunca é demais. No Piqueri que eu descobri a minha área. Incrível como Português sempre foi a matéria que mais fez sentido pra mim - embora não fosse exata. Se sempre tive ótimas professoras de português?! Não. Algumas foram péssimas. Mas me motivaram a aprender por mim mesma, e nem sempre acreditar em tudo que me é dito. Provar a mim mesma o que é certo. Um pouco de contestação sempre é bem vinda.


Ainda nessa fase descobri que meu amor não era só à língua materna. Passei a aprender inglês (em escolas públicas pessimamente, em cursos de idiomas razoavelmente, na escola da vida perfeitamente), espanhol, alemão. Amando todas, a última um pouco mais - por motivos desconhecidos.


Mas depois do ensino médio, fui tomada por um pavor mórbido pela FUVEST, e resolvi seguir a minha vida. Mas temer a FUVEST não diminuía a vontade de continuar aprendendo. Então, depois de alguns anos, com um curso de secretariado, um emprego estável e uma vida encaminhada, eu tinha aquele fogo acesso em mim, sem conseguir contê-lo.


Aí surgem ainda outras culpadas. A amiga do ensino médio que promete nunca te deixar em paz enquanto você não começar a faculdade. A outra que já passou na FUVEST e te incentiva a tentar também. A que (ainda) não fez uma, mas te dá o maior apoio. A psicóloga que te faz tirar uma foto do comprovante de inscrição pra provar que você REALMENTE se inscreveu. Os amigos que te ajudam a estudar. A bibliotecária que separa todos os livros de literatura. Os pais que te levam pra prova. As colegas de trabalho que torcem por você. O irmão que te manda uma mensagem (bem humorada) de conforto. A cunhada que também vai voltar a estudar.


Transformei tudo que poderia parecer cobrança em incentivo e torcida, em palavras de apoio. E fui fazer a maratona de 4 provas - 1 na 1ª fase e 3 na 2ª. E não esperava passar na primeira chamada. Talvez nem na primeira vez que tentasse a FUVEST - já que fui reprovada duas vezes antes de passar na prova do DETRAN. Mas passei.


Passei pra descobrir que eu nunca tinha sonhado em passar na FUVEST. Não. Eu sonhei (e continuo sonhando) em aprender cada vez mais, aumentar meu conhecimento. Quando comecei essa jornada, eu me dei conta que tinha dado o primeiro passo, e não importava mais se eu conseguiria ou não, na primeira vez ou nas outras, na USP ou em qualquer outra Faculdade, eu iria voltar a estudar, porque era  isso que eu queria. E capaz de perceber que não tinha mais volta, eu fui presenteada com uma vaga onde eu queria, do jeito que eu queria.


Se tivesse prestado esse vestibular antes, talvez não tivesse conseguido tão fácil (foi relativamente fácil se pensarmos que eu quase não estudei, e terminei o ensino médio há uns bons anos), e provavelmente desistisse depois do primeiro fracasso. Mas eu estava mais motivada que nunca, e tudo deu certo.


Eu gostaria de escrever mais um milhão de linhas pra agradecer a cada um, por nome, por tudo que fizeram e continuarão a fazer por mim. Eu diria que a gratidão que eu sinto não pode ser expressa em palavras, mas acredito que essas tais palavras até que conseguem expressar muita coisa - talvez por isso goste tanto delas...


Pra quem acha que acabou, aviso que só começou. Como disse uma das mais recentes "culpadas", é mais fácil entrar que sair da Universidade. Eu só dei o primeiro passo. Mas "uma longa viagem começa com um único passo". - LaoTsé







"A long long way to find the one
We'll keep on dancing till she comes
These dreams are forever
Oh these dreams are forever
And if you wanna wake the sun
Just keep on marching to the drums
These dreams are forever
Oh these dreams are forever"

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