Ser amiga é função que acompanha as mulheres desde meninas e a ciranda segue girando em todas as idades, onde se misturam colos, conselhos, risos e segredos. Basta lembrar: quantas melhores amigas foram depositárias de momentos inesquecíveis?
Passear de mãos dadas no recreio, gostar do mesmo garoto, combinar de vestir a mesma roupa, conversar o dia todo e ainda ficar assunto para telefonemas tão demorados, que só acabavam depois do grito de basta da mãe. Pré-adolescência sem amiga beira o insuportável, com aquela inundação de hormônios que começam a nos enlouquecer.
Quem não se lembra da aflição que é viver qualquer acontecimento sem ela e ficar com aquilo entalado na garganta até poder lançar o “você não sabe o que aconteceu” e esgotar os detalhes do eu-disse-ele-respondeu. Como é fundamental escutar suas importâncias ressoarem nas respostas da amiga, que é quase um espelho confirmador do certo ou delator do erro. Amiga é a voz da razão e o amortecedor das quedas.
Quando ficamos mocinhas, a primeira menstruação é segredada entre amigas. O primeiro beijo, celebrado e detalhadamente compartilhado com elas e os passos todos do longo caminho das explorações eróticas. Com elas tentamos desvendar os mistérios assombrosos dos novos quereres e legitimamos os prazeres descobertos.
E que seriam dos namoros e casamentos sem os ombros (e ouvidos) delas? Quanta bobagem deixa de ser dita e feita mesmo que o preço seja escutar como estamos sendo ridículas ou egoístas, infantis, paranóicas ou cegas. As amigas filtram nosso pior, poupam-nos de expor nossos ridículos, mas não de encará-los. Ao contrário, amiga boa é a que mostra o que não conseguimos ver. E a gente agradece, mesmo quando dói.
E a vida segue frutificando: faculdade, trabalho, amor e as amigas perto, junto, acompanhando e torcendo. E um dia é a gravidez que se anuncia e depois a chegada de um neto e não para mais. Não é tudo ver aquelas turmas de velhotas animadas nos teatros, aeroportos, chás da tarde? Amizade bem cultivada não termina e nem percebe distâncias ou cronologias – porque vive, pulsa e ressoa dentro de cada uma.
Sorte nossa, meninas, que somos autorizadas a expressar carinho, fazer massagem, emprestar 'roupitchas', ajudar a arrumar mala e penetrar a alma. E outra sorte mais: nossa possibilidade de ter laços fortes e fundos com amigo homem também. São os tradutores de sentimentos e reações, razões e pontos de vista que são insondáveis para as mulheres. Os amigos são referências e bússolas pelos caminhos da vida concreta, objetiva e de uma lógica por vezes tão básica quanto impensável.
Quanto mais velha a gente vai ficando, maior a relevância dos amigos. Pela permanência, pelas memórias, pela companhia e intimidade. Porque é confortável ser à vontade, sem máscaras, segredos ou vergonhas. Nudez de alma pela vida toda. Num lugar onde cabe seu melhor e seu pior – seus espinhos, perfume e beleza.
Passear de mãos dadas no recreio, gostar do mesmo garoto, combinar de vestir a mesma roupa, conversar o dia todo e ainda ficar assunto para telefonemas tão demorados, que só acabavam depois do grito de basta da mãe. Pré-adolescência sem amiga beira o insuportável, com aquela inundação de hormônios que começam a nos enlouquecer.
Quem não se lembra da aflição que é viver qualquer acontecimento sem ela e ficar com aquilo entalado na garganta até poder lançar o “você não sabe o que aconteceu” e esgotar os detalhes do eu-disse-ele-respondeu. Como é fundamental escutar suas importâncias ressoarem nas respostas da amiga, que é quase um espelho confirmador do certo ou delator do erro. Amiga é a voz da razão e o amortecedor das quedas.
Quando ficamos mocinhas, a primeira menstruação é segredada entre amigas. O primeiro beijo, celebrado e detalhadamente compartilhado com elas e os passos todos do longo caminho das explorações eróticas. Com elas tentamos desvendar os mistérios assombrosos dos novos quereres e legitimamos os prazeres descobertos.
E que seriam dos namoros e casamentos sem os ombros (e ouvidos) delas? Quanta bobagem deixa de ser dita e feita mesmo que o preço seja escutar como estamos sendo ridículas ou egoístas, infantis, paranóicas ou cegas. As amigas filtram nosso pior, poupam-nos de expor nossos ridículos, mas não de encará-los. Ao contrário, amiga boa é a que mostra o que não conseguimos ver. E a gente agradece, mesmo quando dói.
E a vida segue frutificando: faculdade, trabalho, amor e as amigas perto, junto, acompanhando e torcendo. E um dia é a gravidez que se anuncia e depois a chegada de um neto e não para mais. Não é tudo ver aquelas turmas de velhotas animadas nos teatros, aeroportos, chás da tarde? Amizade bem cultivada não termina e nem percebe distâncias ou cronologias – porque vive, pulsa e ressoa dentro de cada uma.
Sorte nossa, meninas, que somos autorizadas a expressar carinho, fazer massagem, emprestar 'roupitchas', ajudar a arrumar mala e penetrar a alma. E outra sorte mais: nossa possibilidade de ter laços fortes e fundos com amigo homem também. São os tradutores de sentimentos e reações, razões e pontos de vista que são insondáveis para as mulheres. Os amigos são referências e bússolas pelos caminhos da vida concreta, objetiva e de uma lógica por vezes tão básica quanto impensável.
Quanto mais velha a gente vai ficando, maior a relevância dos amigos. Pela permanência, pelas memórias, pela companhia e intimidade. Porque é confortável ser à vontade, sem máscaras, segredos ou vergonhas. Nudez de alma pela vida toda. Num lugar onde cabe seu melhor e seu pior – seus espinhos, perfume e beleza.
Lúcia Rosenberg (http://delas.ig.com.br/)
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