sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sobre grandes ironias (ou como dar valor ao que se tem)

A grande ironia é que se eu tivesse prestado vestibular assim que terminei o Ensino Médio, eu estaria (muito provavelmente) terminando a graduação agora. E poderia cursar as disciplinas oferecidas apenas no diurno. E teria mais tempo pra estudar.
Por outro lado, é pouco provável que eu estivesse fazendo alemão. Eu teria sucumbido à opinião de familiares e amigos e feito inglês ou espanhol, porque dá mais dinheiro, e "até japonês é melhor que alemão" (nada contra japonês, está na listinha das línguas a serem aprendidas um dia, mas fiquei chateada com esse comentário REAL que ouvi). Eu não poderia comprar todos os livros que quero - afinal, ou eu não trabalharia, ou estaria num estágio cujo dinheiro daria pra comer todos os dias no bandejão (sem opção) e  minha passagem de ônibus.
Mas de tudo isso, eu sei que a Ana que cursa faculdade agora, por pior que seja, é infinitas vezes melhor que a Ana de 18 anos. Essa Ana é mais paciente (sério mesmo, vocês não me conheceram), é mais confiante, e ao mesmo tempo mais generosa consigo mesma. Essa Ana estuda porque gosta, e estuda o que gosta. Essa Ana pode não saber exatamente o que quer, mas tem certeza do que não quer.
A grande ironia é que, por mais difícil e frustrante e cansativo que seja estar estudando agora, eu não teria dado valor se tivesse conseguido tudo isso antes. Eu não daria valor porque teria sido fácil. Mas como é difícil, eu prezo.

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