segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quero ser Mulher-Maravilha (ou sobre os heróis que temos - e queremos ser)

A Mulher-Maravilha é a única heroína de que me lembro. Não falo aqui ajudantes de heróis, mesmo aquelas que combatem os crimes (poucas), ou mera coadjuvantes em histórias de outros heróis, mas de uma protagonista de história realmente. Se há outras, são pouco relevantes, e por isso, pouco conhecidas.
Não estou reclamando disso. Pelo contrário. Antes uma heroína do que nenhuma. Não sou uma feminista radical. Aliás, nem me considero feminista. Mas o ponto em que quero chegar é que, uma personagem feita para o público masculino, diz muito sobre a parcela feminina da sociedade hoje.
Fomos criadas brincando de casinha e ganhando Barbies em Natais e Aniversários. E por mais que a Barbie seja hoje atriz / advogada / médica / professora / veterinária entre outras coisas, ela nunca perdeu a figura maternal a que está atrelada. Meninas sempre desejaram ter o Ken para fazer o par com a sua Barbie. Já para os homens, é irrelevante que seus super-heróis tenham pares. Tanto faz se o Clark Kent/Super-homem tem Lois Lane. Tanto é verdade, que com raras exceções, os super-heróis são tipos solteirões, que saem com muitas mulheres, mas não se apegam a nenhuma. Os relacionamentos humanos (inclusive amorosos) são importantes, mas não excenciais. O que realmente importa é salvar o mundo (e principalmente, ser reconhecido por isso).
Mas eis que surge uma super-heroína. Diana, a Mulher-Maravilha, é aquela que, assim como os homens, não veio ser o estepe, o ajudante, ou a primeira dama. Ela veio pra jogar, lutar de igual pra igual, ganhar se possível. Diana vem carregada de mitos gregos, descende deles, mas é principalmente um retrato (ou vislumbre) do que as mulheres se tornaram: independentes, confiantes, pró-ativas. Mas enquanto os super-homens da vida real podem contar com suas "Lois" esperando em casa ao final de um dia cansativo salvando o mundo, Diana não tem a mesma sorte. É uma escolha que ela faz: salvar o mundo, ou ser parte dele e esperar a salvação por parte de seus muitos heróis. Não há homem que aguente ser coadjuvante numa história de ação. Eles aceitam muito bem a mulher como protagonista nas cenas de romance, drama, até um pouco nas de comédia e suspense. Mas ação não; ação é com eles; eles são fortes, são rápidos, espertos, invencíveis, imortais.
Estamos erradas. Queremos controlar todo o mundo. E queremos que eles fiquem quietos, assistam calados a nossa ascenção rumo ao topo do mundo. Nos julgamos muito espertas por ganhar algumas batalhas, mas nos esquecemos que são eles os donos da guerra. Nasceram pra isso. Desde pequenos aprendem a ser estrategistas. Eles brincam com soldadinhos de guerra e bonecos de super-heróis. Nós temos bebês e panelinhas...

Update: uma amiga me lembrou que há também a Mulher-Gavião. Prometo um post sobre ela mais pra frente (vou pesquisar antes).

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