Eu acordei meio-dia. Porque minha mãe às onze e meia me perguntou: "Tá tudo bem?!" Faltou-me ânimo pra responder: "Tá não..." Separei as apostilas para estudar. Nisso já era uma da tarde. Fiz o arroz, tomei banho, almocei. Duas horas. Já havia me mudado para o quarto dos pais quando o meu pai querido diz: "Eu vou tirar um cochilo, mas pode continuar aqui." Melhor não, pensei comigo. Mudei-me para a sala. Ele não deita. Em vez disso, fica entrando e saindo (pela porta da sala), e falando alto com a minha mãe e minha tia (ainda na sala). Eu volto pro quarto - sou esperta o suficiente pra ir só com a apostila que estou lendo, o caderno e uma caneta. Ele resolve se deitar. Respondo a uma questão. Três horas. Começo a ler outra apostila. Meus parentes estão fazendo toda a gritaria e barulheira que antecede a saída deles. Os cachorros entram no coro. Eles vão embora. A apostila é um pé no saco. Tento outra. Ainda outra. Só mais uma. Resolvo ler os resumos das epopeias. Percebo que consigo responder (mesmo que mais-ou-menos) à primeira pergunta. Minhas pernas formigam. Eu levanto. Como um chocolate (não me julguem). Respondo a questão. Chega uma amiga da minha mãe. Cinco horas. Vamos ao mercado.
Se Homero e Virgílio não estivessem já bem mortos, eu matava eles...